segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
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CPI da CLDF aposta em quebras de sigilo para chegar a culpados

Em todos os casos, abrem-se os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de todos os suspeitos

As quebras de sigilos do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e do mecânico Antônio Claudio Ferreira, o vândalo que quebrou o relógio de Dom João VI durante a invasão do Planalto, foram decididas nesta terça-feira, 14, durante a primeira sessão deliberativa da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os atos antidemocráticos ocorridos nos dias 12 de dezembro e 8 de janeiro. Mas virão muitas outras.

Após a reunião, o relator João Hermeto revelou que a CPI irá solicitar mais quebras de sigilos. O presidente da CPI, o distrital petista Chico Vigilante, deixou claro que o objetivo do trabalho é “saber efetivamente quem estimulou e financiou esses atos, e por que financiou essa tentativa de golpe, até para que nunca mais isso venha a acontecer nesse país”.

Em entrevista concedida ontem para jornais e TVs que repercutiu, o parlamentar chegou a afirmar que, em sua avaliação, foi dado de fato um golpe no país, “só que esse golpe não se sustentou”. Em todos os casos, abrem-se os sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de todos os suspeitos.

Teste prévio

O presidente Chico Vigilante também é da opinião de que “só existiu o 8 de janeiro porque existiu o 12 de dezembro”. Nessa data, da diplomação do presidente Lula pela Justiça Eleitoral, Brasília foi marcada por uma noite com depredações e incêndios de ônibus.

“Tudo o que foi feito naquela época, o temor observado no dia 12, deveria ter servido de lição e de alerta por parte do governo e das forças policiais para que um grande esquema de segurança fosse montado para o dia 8 de janeiro. Mas infelizmente, como vimos, nada foi feito. A quem interessava aquilo tudo? ”, questionou o distrital.

Assim, nesta primeira reunião o colegiado da CPI aprovou, dentre outros requerimentos, a convocação de Marília Alencar, ex-secretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF que também estava no cargo na época dos atos; do ex-secretário interino de Segurança à época, Fernando de Sousa Oliveira; do ex-comandante da PM, Coronel Fábio Augusto Vieira; do ex-secretário Júlio Danilo; e do coronel Jorge Eduardo Naime.

As reuniões serão realizadas todas as quintas-feiras, a partir de 2 de março, sempre às 10h, no plenário da Câmara Legislativa. O relator Hermeto concluiu que, como fora dito antes por Chico Vigilante, “esta CPI não acabará em pizza”.

Primeiro confronto

Foi mais tarde, já na sessão plenária da Câmara, que os temas da CPI levaram a um primeiro confronto. A distrital Paula Belmonte contou que visitara a colônia penal feminina e que a CPI precisa apurar tudo direitinho porque ela está preocupada com as mulheres que estão lá presas há mais de um mês, vivendo uma situação péssima.

Pouco depois, Chico Vigilante pediu para falar, disse que na comissão respeitará o regimento da Câmara e a Constituição, mas vai apurar tudo a fundo e, se pensam que a CPI vai aliviar qualquer coisa, pensou completamente errado.

“Só que não vamos cometer injustiças nem entrar em searas que não são nossas”, avisou. Sem citar Paula Belmonte, disse que “tenho visto deputados fazerem defesas e chamarem de coitadinhos aqueles que estão presos, por terem participado dos atos de depredação do dia 8 de janeiro, mas na hora de depredar, de cometer atos violentos e praticar os vandalismos que praticaram, essas não eram nada coitadinhas”.

Chico Vigilante concluiu afirmando que “as pessoas podem ser de várias correntes e caminhar juntas por um trabalho importante como este da CPI; da mesma forma, podem até ser de esquerda, de direita, não há nada de mais, só não podem ser de direita e burras”.

Por Eduardo Brito do Jornal de Brasília

Foto: Carlos Gandra/CLDF / Reprodução Jornal de Brasília

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