O sonho da Raiane da Rocha, de 36 anos, de ver a filha Agatha nascer saudável está mais próximo. A mãe recebeu alta nesta quarta-feira (1º) do Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib) após a realização do primeiro procedimento cirúrgico no Distrito Federal para correção de espinha bífida com a criança ainda no útero.
A operação foi classificada pela equipe médica da Secretaria de Saúde (SES-DF) como bem-sucedida e, até o parto, previsto para fevereiro, será realizado o acompanhamento da mãe e da filha. “Para qualquer mãe, é um alívio”, conta Raiane, que chegou a ficar dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não apresentou complicações.
Chamada cientificamente de meningomielocele, a doença ocorre quando há malformação na coluna do bebê, que fica exposta, fora do corpo. A enfermidade gera limitações motoras e problemas neurológicos desde o útero, com consequências até o fim da vida. Com a cirurgia intrauterina, contudo, as chances de recuperação plena são maiores que nos casos em que o procedimento ocorre só depois do nascimento.
Serviço traz esperança
Moradora de Águas Lindas de Goiás (GO), Raiane diz ter ficado feliz pela oportunidade de realizar o procedimento no DF, podendo ficar perto da família. A outra opção era passar pela cirurgia em São Paulo.
A secretária de saúde, Lucilene Florêncio, acompanhou a alta hospitalar e agradeceu à paciente pela confiança. Também afirmou que, agora, a SES-DF estará preparada para realizar procedimentos do tipo. “Desejamos que não sejam muitos os casos, mas teremos. Está em construção uma rede de cuidados para o atendimento”, afirma.
A diretora do Hmib, Marina Araújo, destaca que o início dessas cirurgias na unidade exigiu um esforço administrativo. “Foi necessário fazer compras de insumos que não eram adquiridos. Agora estamos prontos para realizar novos procedimentos”, disse.
Para a cirurgia inédita, a SES-DF fortaleceu equipes, adquiriu materiais necessários e a disponibilizou equipamentos para o centro cirúrgico, além de fornecer leitos da UTI. O Hmib também já conta com experiência de outros procedimentos intrauterinos, incluindo transfusão de sangue para fetos e laser em gestações gemelares (presença simultânea de dois ou mais fetos na cavidade uterina).
Por Redação do Jornal Brasília
Foto: Jalaa MAREY / AFP / Reprodução Jornal de Brasília