Produtores rurais da região do Paranoá participam de um curso para operar trator e implementos, além de aprender, na prática, a preparar o solo para o cultivo. Os 14 alunos, todos trabalhadores da região, têm a oportunidade de realizar o manejo de trator em uma área de seis hectares que fica no Núcleo Rural Itapeti.
Mariza Matsui, de 64 anos, é a proprietária da Fazenda Canadá, que possui 514 hectares. Ela cedeu a área e as máquinas para a execução do curso e frisou que é um investimento nos trabalhadores, além de ter expectativas de outras formações na região.
“Geralmente, o aprendizado de tratorista rural é muito informal. Eles aprendem uns com os outros e, às vezes, aprendem errado também, sem saber a hora de trocar filtro, fazer lavagem de bomba e outras coisas. Agora, eles sabem tudo”, explica.
O curso, com parte teórica e prática, é ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-DF), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF). São cinco dias de treinamento, totalizando 40 horas. A conclusão das aulas dá direito a certificado válido em todo território nacional.
Rafael Ventorim, gerente do escritório da Emater do Jardim Paranoá, destacou o papel do órgão como um facilitador, captando os interessados. O contato é feito por meio do Senar, que traz a instrução, a técnica e a certificação. “É uma parceria que sempre dá frutos”, afirmou o extensionista rural.
Segundo ele, o curso base de operador é a primeira capacitação. Os próximos passos, que exigem essa etapa inicial, já estão em discussão. “Trabalhar o aprendizado dos operadores, trabalhadores e dos próprios produtores leva um melhor serviço não só de uso da máquina, mas também de manejo de solo e água. Uma interação máquina, solo e operador. E isso tudo ele consegue com capacitação”, acentuou.
Mão na roda
O técnico agrícola Carlos Armando Pietrani é o instrutor do Senar na área de mecanização agrícola. Segundo ele, no curso há a preocupação com a saúde e segurança do operador. Em seguida é ensinada a manutenção periódica da máquina, com um calendário simplificado para aplicação no dia a dia.
Nas aulas também é tratada a parte operacional e regulagem do equipamento, como período de troca de óleo e manutenção preventiva.
“O lema do Senar é aprender fazendo. O maquinário está evoluindo muito. Um trator em um semestre tem uma tecnologia na parte operacional, no outro semestre já está mais avançado. Essa capacitação precisa ser constante. Então, de seis em seis meses ou de ano em ano tem que fazer uma reciclagem para eles (os trabalhadores) acompanharem o mercado de trabalho”, explicou o instrutor.
Avanço tecnológico no campo
Kauã Matsui, subgerente da propriedade e integrante do curso, destaca que, atualmente, muitas máquinas vêm com a agricultura de precisão, equipadas com sistemas autônomos, sinais de correção e boa parte também já trabalha com as marchas em sistema automático.
De acordo com Kauã, aí entra o curso para qualificação: “Hoje as máquinas estão todas caminhando para o lado mais autônomo possível. É um curso muito bom, porque eles vão conseguir fazer a manutenção e ter uma lógica maior das coisas que vão precisar olhar no dia a dia da máquina.”
Assim que desceu do trator, Júlio César Neves Ribeiro, de 20 anos, disse ter se interessado no curso pela oportunidade de ter mais conhecimento. “Estou aprendendo coisas que só via os meninos fazendo, a gente mesmo fazer é diferente. Caso eu venha atuar na área, vai ajudar bastante”, comentou o auxiliar administrativo.
Já para Gabriel Bonfim Peres, estudante de agronomia com 20 anos, o curso é importante para ajudar o pai na chácara que vive. “Meu pai já tem uma certa idade. Então, é um curso importante. É muito aprendizado, inclusive de manejos que a gente fazia errado. Além disso, a gente conhece novas máquinas e aprimora o currículo”, observou.
Por Agência Brasília
Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília / Reprodução Agência Brasília