segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
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Casos de sífilis aumentam mais de 55% na capital

Dados da Secretaria de Saúde do DF mostram que, entre janeiro e julho de 2023, a média foi de 14 casos diários

Conhecida por ser uma  Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que se manifesta, inicialmente, através de feridas no corpo, a Sífilis já foi diagnosticada em 3.138 moradores da capital apenas esse ano, entre janeiro e julho. Dados da Secretaria de Saúde do DF (SESDF) alertam para cerca de 14 casos por dia, o que representa um aumento de 55,9%  em comparação com igual período de 2022. 

De acordo com a pasta, neste período, o DF registrou 2.083 casos de sífilis adquirida, 817 casos de sífilis em gestantes e 238 casos de sífilis congênita. Já de janeiro a julho de 2022 foram constatados 1.221 casos de sífilis adquirida, 593 casos de sífilis em gestantes e 199 de sífilis congênita.

A maioria dos diagnósticos, conforme traz a SES, ocorre entre homens de 25 a 29 anos e, devido a facilidade de transmissão, essa se tornou a principal IST dos dias atuais. Na avaliação de Dalcy Albuquerque Filho, médico especialista em medicina tropical, esse aumento de caso pode ser devido a dois fatores: mais pessoas realizando exames, bem como mais indivíduos praticando relações sexuais desprotegidas. “Melhorou-se ou intensificou-se a busca por casos nas unidades de saúde, já que sífilis é diagnosticada com um exame simples, quando numa situação assintomática, e é uma lesão bem característica quando sintomática”, salienta o profissional. “A má notícia é que isso significa que as pessoas não estão tomando as medidas preventivas e os cuidados necessários para evitar a transmissão da doença. As consequências são inúmeras, tanto para o doente, quanto para o parceiro ou até mesmo para o filho caso se trate de uma mulher grávida”, acrescentou o médico. 

Como explica Dalcy, a sífilis tem uma série de manifestações, e é muito insidiosa, o que é o grande problema. “A primeira manifestação, chamada sífilis primária, normalmente é uma lesão em áreas de contato sexual, indolor, apesar de dura, não é purulenta, não coça e desaparece depois de algumas semanas”, esclarece. “Depois disso, ela se torna um quadro ‘não evidente’, ou seja, a pessoa tem a doença, pode vir a desenvolver um outro quadro posteriormente, porém ela não sabe mais como está a doença. Por isso, é um momento importante captar ainda na lesão primária”, pontuou o especialista. 

Os quadros secundários, como ele explica, são mais gerais. “Eles podem se confundir com outras doenças e também desaparecem com o tempo, mesmo sem tratamento. Trata-se de vermelhidões e irritações que parecem alergias”, ressalta Dalcy. Um quadro terciário, de acordo com o médico, caso não tratado, pode surgir muito tempo depois, e, nestes casos, a infecção se torna um quadro grave. “Por essa razão, um tratamento adequado é muito importante. Trata-se de um tratamento simples, com antibiótico barato e fácil de encontrar, e que na maioria dos casos depende de apenas uma aplicação da medicação. O exame do diagnóstico também é muito simples”, alertou. 

A pessoa que é diagnosticada com sífilis é facilmente tratada e fica curada. Não há risco de sequelas, a não ser que o infectado deixe a doença progredir. “A sífilis é uma IST cuja forma de transmissão primordial é no ato sexual, ou seja, através de sexo desprotegido. Por isso a proteção é tão importante, até porque, te protege não apenas da sífilis mas de outras doenças como, por exemplo, o HIV”, pontuou o médico. 

O especialista salienta ainda que, apesar de mais grave, a sífilis terciária também pode ser tratada, com outros tipos de medicação ou internação, mas deixará sequelas, assim como em crianças que contraíram da mãe. 

Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) realizam testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites. As pessoas também podem realizar a testagem para IST no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que fica no Cedin, na Asa Sul.

Por Mayara Dias do Jornal de Brasília

Foto: Breno Esaki / Agência Saúde DF / Reprodução Jornal de Brasília

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