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Tribunal de Justiça do DF formará lista exclusivamente feminina

Após o imbróglio causado pela escolha do juiz Demetrius Cavalcanti para ocupar a cadeira...

Após o imbróglio causado pela escolha do juiz Demetrius Cavalcanti para ocupar a cadeira de desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), a Corte do DF acatou a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e formará uma lista exclusivamente feminina. Haverá uma sessão para escolha de um novo nome em 8 de julho, conforme informou o TJDFT nesta quinta-feira (26/6). Em decisão conjunta, o presidente do CNJ, ministro Luis Roberto Barroso, e o corregedor nacional de Justiça, Mauro Campbell Marques, determinaram a suspensão da promoção de Cavalcanti ao cargo de desembargador. O TJDFT enviou nesta quinta-feira (26/6) ao CNJ as informações sobre o processo de promoção definido pelo Pleno do Tribunal. A Corte do DF fez o envio antes do prazo, que era de cinco dias, a contar de quarta-feira (25/6).

Houve uma reunião nesta quinta-feira entre o corregedor nacional de Justiça, o presidente do TJDFT, Waldir Leôncio, e o juiz auxiliar da presidência do TJDFT, Eduardo Rosas, para discutir o descumprimento do critério de paridade de gênero por parte do tribunal. O conteúdo do encontro não foi divulgado. 

Na contramão do que diz a Resolução 525/2023 do CNJ, o desembargador Demetrius Cavalcanti foi escolhido na última terça-feira para preencher o lugar do desembargador J.J. Carvalho, que faleceu este ano. De acordo com a resolução, nos tribunais onde há percentual inferior a 40% de mulheres no segundo grau, as promoções por merecimento devem se alternar entre listas mistas e listas exclusivamente femininas. Atualmente, o TJDFT conta com apenas 28,9% de mulheres no segundo grau, de acordo com informações do Painel de Dados de Pessoal do Poder Judiciário.

Paridade

Na última terça-feira, por 22 votos a 13, o Pleno do TJDFT decidiu pela composição de lista mista para a escolha do novo desembargador. Em seguida, foram indicados à promoção por merecimento os juízes substitutos de segundo grau Demetrius Gomes Cavalcanti, José Eustáquio de Castro Teixeira e Fabrício Fontoura Bezerra. Na votação final, Demetrius Gomes Cavalcanti foi o escolhido, por maioria simples. Em sinal de protesto, as desembargadoras Maria Ivatonia, Nilsoni de Freitas e Sandra Reves se abstiveram da votação.

Posteriormente, o ministro Barroso explicou o critério de alternância para que haja uma paridade de gênero. “A resolução do CNJ determina que, nas promoções por merecimento, se para uma vaga tiver sido escolhido um homem, a vaga seguinte obrigatoriamente tem que ser de uma mulher até o mulher completar 40% de participação feminina”, detalhou.

“Não houve uma violação nem um descumprimento por parte do TJDFT, mas houve uma interpretação da resolução do CNJ que não corresponde aquela que o CNJ considera mais acertada. O que consideraram é que, como na vaga anterior que foi preenchida por antiguidade, uma mulher havia sido promovida, na vaga seguinte, que seria por merecimento, poderia ir um homem”, acrescentou.

conselheira do CNJ Renata Gil chegou a enviar um ofício ao TJDFT orientando que o tribunal fizesse uma lista exclusivamente feminina, o que não aconteceu. O tribunal se pronunciou avisando que fará a lista somente com mulheres somente após a decisão do CNJ em suspender a promoção do juiz Demetrius Cavalcanti. 

Ao Correio, a conselheira explicou que não há necessidade de sessão plenária para cumprimento de uma decisão. “O cumprimento é via relatoria do próprio ministro Barroso, então, ele mesmo pode determinar o cumprimento da resolução pelo tribunal. A decisão de suspensão será possivelmente complementada por uma determinação de cumprimento”, explicou.

A seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) chegou a enviar um ofício ao presidente do TJDFT, Waldir Leôncio Júnior, solicitando esclarecimentos referentes à recente indicação para vaga de desembargador. O órgão reforçou a importância da paridade de gênero no tribunal.”A temática da paridade de gênero no Poder Judiciário e nas instituições em geral tem gerado urgente repercussão social e jurídica. Para a OAB, em particular, este tema é de valor inestimável e central para os princípios que defende”, disse trecho do ofício assinado pelo presidente da entidade, Paulo Maurício Siqueira, e enviado ao presidente do TJDFT. “O tema da paridade de gênero nos é tão caro que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), em decisão histórica, aprovou e implementou a paridade de gênero e cotas raciais para as eleições de todo Sistema OAB a partir de 2021”, frisou. 

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense       

Foto: Gustavo Moreno/STF

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