Os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares do Irã nas primeiras horas deste domingo (22/6).
Os locais atingidos foram Fordo, Natanz e Isfahan (veja a localização das instalações no mapa abaixo).
Até então, os EUA só tinham apoiado Israel com armas.
Essa é a primeira vez que os americanos usaram a única bomba que provavelmente seria capaz de penetrar no complexo nuclear subterrâneo do Irã, especialmente em Fordow.
Trata-se da Massive Ordnance Penetrator (MOP, também conhecida como GBU-57), uma bomba de 13,6 mil kg, que é tão pesada que só pode ser lançada por bombardeiros estratégicos B2, equipamento que Israel não possui.
Como a bomba ‘antibunker’ funciona
Esse tipo de bomba é conhecida como “arma antibunker” ou “arma destruidora de bunker” — e é projetada para destruir alvos que estão enterrados abaixo do solo, como é o caso de parte do complexo nuclear do Irã em Fordow.
As armas antibunker são pesadas e, ao caírem no solo, penetram camadas de terra ou concreto. Elas explodem só depois de atingir a profundidade máxima.
Israel já vem usando armas antibunker de menor potência.
Justin Bronk, do Royal United Services Institute (RUSI), fez uma análise de imagens de satélite do complexo nuclear iraniano após os ataques de Israel feitos nos últimos dias.
Embora inconclusivo, Bronk disse que o padrão de explosões “corresponderia ao uso de bombas penetrantes. Provavelmente a GBU-31(V)3 ou até mesmo a GBU-28, mais especializadas em penetração”.
Essas armas antibunker foram foram usadas por Israel em operações em Gaza e no Líbano, contra grupos como o Hamas e o Hezbollah.
Mas nenhuma tem a potência da americana MOP.
As bombas antibunker de Israel têm capacidade para penetrar até 6 metros de concreto armado.
Já a MOP teria capacidade de atingir uma profundidade dez vezes maior — de 60 metros.
A MOP funciona sem nenhum tipo de propulsor. Ou seja, ela é apenas lançada do avião, e guiada em alta-precisão por aletas de grade, que direcionam a bomba. Depois que ela atinge sua profundidade máxima, ela é detonada.
Por contar apenas com a gravidade para atingir o chão, a bomba precisa ser lançada de uma altitude muito grande. Ela também é muito pesada — e por isso precisa de aviões especiais, como os B2 americanos.
Fabricada pela Boeing, a MOP nunca foi usada em combate, mas foi testada no campo de testes de mísseis de White Sands, uma área de testes militares dos EUA no Estado do Novo México.
Ela é mais potente do que a Massive Ordnance Air Blast (MOAB), uma arma de 9.800 kg conhecida como a “mãe de todas as bombas”, que foi usada em combate no Afeganistão em 2017.
“A Força Aérea dos EUA se esforçou significativamente para criar armas de tamanho semelhante ao da MOAB, mas com a carga explosiva contida em uma cápsula de metal extremamente rígida. O resultado foi a GBU-57A/B, a MOP”, diz Paul Rogers, professor de estudos da paz na Universidade de Bradford, no Reino Unido.
Atualmente, somente o B-2 Spirit dos EUA — também conhecido como bombardeiro furtivo — está configurado e programado para lançar a MOP.
Este avião, geralmente chamado de B-2, é produzido pela Northrop Grumman, e é uma das aeronaves de guerra mais avançadas do arsenal da Força Aérea americana.
De acordo com o fabricante, o B-2 pode transportar uma carga útil de 18 toneladas. No entanto, a Força Aérea dos EUA afirmou que testou com sucesso o B-2 transportando duas bombas GBU-57A/B — um peso total de cerca de 27,2 toneladas.
Esse avião bombardeiro pesado de longo alcance tem um alcance de cerca de 11 mil quilômetros sem reabastecimento, e de até 18,5 mil km com um reabastecimento em voo, o que permite a ele chegar a praticamente qualquer ponto do planeta em poucas horas, de acordo com a Northrop Grumman.
Segundo o jornal britânico Times, já em abril o presidente americano, Donald Trump, teria sinalizado que poderia ser juntar aos esforços de Israel contra o Irã.
No entanto, os bombardeiros só haviam usados até então em missões contra alvos houthis no Iêmen, e nunca em missões contra o Irã.
Nessas ocasiões, acredita-se que bombardeiros não estariam equipados com MOPs, segundo o jornal. Estima-se que essas bombas são tão raras que os EUA só produziram cerca de 20 delas até hoje.
Especialistas dizem que só a Massive Ordnance Penetrator teria capacidade de trazer prejuízos concretos ao programa nuclear do Irã.
Mesmo assim, existe dúvidas sobre o tamanho desse dano.
Sua capacidade de penetração é de 60 metros — mas acredita-se que algumas instalações nucleares iranianas estão em um bunker a 800 metros de profundidade.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: BBC