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quinta-feira, abril 24, 2025

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Conheça a arte periférica de Spek, da Ceilândia, que integra o coletivo Ocupa Becos

Por Ane Caroline CostaAgência de Notícias CEUB Por entre os muros da Ceilândia,...

Por Ane Caroline Costa
Agência de Notícias CEUB

Por entre os muros da Ceilândia, um nome tem atravessado o tempo com tinta e resistência: Spek.

Aos 34 anos e com 24 de vivência no grafite, o artista é uma das vozes visuais do Distrito Federal. A trajetória começou ainda na infância, inspirado pelos rabiscos e cores que dominavam as ruas do seu bairro.

“Grafite e pixação eram coisas que faziam parte do meu cotidiano. Eu sempre prestei muita atenção nas coisas riscadas nas paredes”, relembra.

A influência dos muros da Ceilândia moldou sua linguagem visual e, mais tarde, impulsionou o nascimento do coletivo Ocupa Becos, do qual faz parte junto a outros artistas da cena periférica.

No início, a recepção ao seu trabalho não foi fácil.

“Quando eu comecei a pintar, o grafite ainda era muito marginalizado. Preconceito era uma coisa comum”, conta.

Apesar de o cenário ter se tornado mais receptivo com o tempo, intervenções e reações negativas ainda fazem parte do cotidiano de quem pinta as ruas.

“Já passei por vários tipos de estranhamentos por conta de alguns trabalhos que desempenho na rua.”

A arte de Spek é diversa, mas carrega sempre um propósito: o de gerar identificação e pertencimento.

“Gosto muito de trabalhar com temas que envolvem a natureza, animais, e principalmente o contexto estético do hip hop. Minha ideia é representar figuras presentes na periferia”, explica.

Sua produção é um reflexo de vivências, construindo pontes entre quem cria e quem vive a cidade de forma intensa.

Essa missão se refletiu em sua participação no projeto de grafite no campus da Universidade de Brasília.

Junto aos artistas Mios e Trapo, Spek deu vida a um painel que retrata a força feminina nos esportes periféricos.

A obra traz a imagem de uma mulher negra segurando uma bola de basquete, em uma quadra típica das quebradas. “A ideia era representar a mulher periférica dentro do esporte, algo ainda invisibilizado”, diz.

Hoje, Spek segue pintando não apenas muros, mas histórias e identidades. Seu traço é um grito colorido que ecoa nos becos, nas quadras e nos corações de quem reconhece, na arte, a potência de existir.

Por Jornal de Brasília

Foto: Reprodução Jornal de Brasília

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