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Venda de carne é um dos objetivos da viagem de Lula ao Japão

Um dos principais objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua...

Um dos principais objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita de Estado ao Japão é destravar o mercado japonês para a exportação brasileira de carne bovina e suína in natura. Em termos práticos, o primeiro passo é viabilizar uma missão das autoridades sanitárias japonesas para inspecionar os frigoríficos exportadores.

Porém, o Brasil enfrenta forte resistência por parte dos produtores japoneses e dos países que já vendem carne ao país asiático, principalmente os Estados Unidos e a Austrália. O Japão é o terceiro maior mercado para exportação de carne, com 700 mil toneladas compradas por ano. Apesar de ser o maior exportador, o Brasil não vende o produto para os japoneses.

“Hoje, há importadores de carne no Japão que têm muito interesse, porque o preço da carne, inclusive, nos EUA, aumenta muito e não tem perspectiva de aumento de produção. O Brasil é um fornecedor confiável e que não compete com a produção japonesa. São produtos diferentes. A faixa de produção que o Brasil quer atingir é diferente do Wagyu (carne bovina japonesa de alta qualidade)”, comentou o secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Eduardo Saboia.

O Brasil busca o mercado japonês desde 2005, sem sucesso. Até recentemente, o país não cumpria as exigências sanitárias japonesas, mas esse entrave está superado. Em maio, a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) irá reconhecer o Brasil como livre da febre aftosa sem vacinação, durante a assembleia geral da organização. Para ser aprovado, o Brasil precisou comprovar que, em 12 meses com a vacinação suspensa, não apresentou casos da doença em todo o seu território.

Na última década, a exportação da carne bovina brasileira para o Japão sofreu ainda mais restrições, com a proibição de todas as exportações do produto para o país em 2012, devido à ocorrência de um surto de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), também conhecida como ‘doença da vaca louca’. A respeito desse episódio, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, acredita que as preocupações relacionadas a essa doença já foram superadas.

“Desde a imposição da proibição, o Brasil implementou diversas medidas para garantir a segurança de sua cadeia produtiva de carne, incluindo monitoramento intensificado e controles rigorosos. A percepção do consumidor japonês em relação à carne brasileira evoluiu com o tempo, especialmente devido às garantias fornecidas pelo governo brasileiro e pelas organizações de controle de qualidade”, destaca o presidente.

Ainda na visão do presidente da entidade que representa o setor, a missão ao Japão será uma oportunidade para reforçar a segurança e confiabilidade no Brasil na produção em larga escala e adoção de critérios sanitários rigorosos. “Além disso, fatores econômicos favorecem essa abertura: o Japão enfrenta inflação, desvalorização do iene e dificuldades com seus principais fornecedores de carne bovina. Vamos demonstrar que a carne brasileira pode atender à demanda japonesa com qualidade, preços competitivos e sem afetar a produção local”, enfatiza Perosa.

Para o especialista e gerente de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, Leandro Barcelos, a demanda crescente por carnes de alta qualidade no Japão pode ser bem suprida pela oferta brasileira, embora alguns fatores possam atrapalhar o processo. “A parcela de carne importada que pode vir do Brasil dependerá de vários fatores, incluindo a capacidade de suprimento do Brasil, a competitividade em termos de preço e qualidade, e a aceitação do consumidor japonês”, considera Barcelos, que lembra, ainda, que mais de 70% da carne importada pelo Japão atualmente provém dos Estados Unidos e da Austrália, principais concorrentes internacionais do Brasil.

Por Victor Correia e Raphael Pati do Correio Braziliense

Foto:  Ricardo Stuckert/PR / Reprodução Correio Braziliense

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