A partir deste mês, o Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer a vacina ACWY contra a meningite, que só havia no sistema de saúde privado, ampliando a proteção antes restrita ao sorotipo C. A medida avança no combate à doença, como explicou Viviana Sampietro, coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Brasília, da Rede Américas, em entrevista ao CB.Saúde — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — desta quinta-feira (3/7). Na bancada, as jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte.
“A meningite é uma doença letal, muito grave, mas prevenível. Durante os últimos 20 anos, a vacinação contra o tipo C foi muito eficaz na redução da doença. Agora, com a vacina ACWY, ampliamos a proteção para os sorotipos A, C, W e Y, que também circulam no país”, afirmou a médica.
A nova vacina já está disponível na rede pública e é indicada para diversas faixas etárias. Segundo Viviana, o tipo C ainda é o mais prevalente no Brasil, mas os sorotipos W e Y também têm presença significante. “O W é o segundo mais frequente e o Y o terceiro. Por isso, é tão importante essa ampliação do esquema vacinal”.
Proteção para todos
A vacina ACWY pode ser aplicada em crianças, adolescentes, adultos e idosos. Para bebês com menos de um ano, o esquema prevê três doses. De um a cinco anos, são recomendadas uma dose e um reforço. Em adultos e idosos, a indicação varia conforme o risco individual.
“Quem já tomou a vacina contra o tipo C pode tomar a ACWY normalmente. Ela também contém o sorotipo C, então não há problema algum”, observou.
Redução expressiva de casos
A ampliação da cobertura vacinal apresenta resultados positivos. Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre 2007 e 2020, houve uma queda de 75% no número de casos notificados de meningite no Brasil. A taxa passou de 1,5 para 0,4 por 100 mil habitantes.
“A vacinação protegeu muito e reduziu drasticamente os casos graves. Mesmo quem não completou o esquema de doses já conta com uma proteção importante”.
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por bactérias, vírus ou parasitas. A forma bacteriana é a mais grave e letal.
“As meninges formam uma barreira de proteção contra impactos e infecções. Quando agentes infecciosos ultrapassam essa barreira, causam inflamação com sintomas como febre alta, rigidez na nuca, perda de consciência e até convulsões. Se não for tratada rapidamente, pode levar à morte ou causar sequelas graves”, alertou.
Apesar da queda nos números, os casos de meningite ainda são registrados no país, especialmente durante o outono e o inverno, épocas de maior circulação da doença.
“O calendário vacinal brasileiro é excelente. É um privilégio que nem todos os países têm. Se os pais querem dar algo de valor aos filhos, é a vacina. Isso representa o futuro do país”.
*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Reprodução Correio Braziliense