O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, nesta terça-feira (23/9), em discurso na Assembleia Geral da ONU, que as tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil já estão em vigor e são uma resposta direta a ações do governo brasileiro que, segundo ele, ameaçam direitos e liberdades civis. O republicano citou episódios de censura, a expansão do acesso a armas e o que chamou de corrupção judicial como justificativas para a medida.
Trump relatou ainda um encontro recente com o presidente brasileiro. Segundo ele, houve um clima amistoso: “Nós nos demos um abraço. Concordamos em nos reunir na próxima semana. Eu gostei dele, ele gostou de mim. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto”, disse.
Apesar do tom pessoal, o presidente endureceu a fala ao mencionar a defesa da soberania norte-americana e a forma como enxerga a posição do Brasil nas relações bilaterais. “Eu sempre defenderei a nossa soberania e os direitos dos cidadãos americanos. Sinto muito que o Brasil não esteja muito bem. Eles só poderão ficar bem se trabalharem conosco. Sem nós, vão falhar, assim como outros já falharam”, afirmou.
As tarifas anunciadas por Washington entraram em vigor em agosto. Os Estados Unidos elevaram em até 50% as alíquotas sobre uma ampla gama de produtos brasileiros, enquanto mantiveram isenções para mais de 700 itens, entre eles suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro, que seguem com uma tributação menor. Paralelamente, autoridades brasileiras foram alvo de sanções individuais sob a Lei Magnitsky, que prevê medidas como bloqueio de ativos e restrições de viagem, atingindo diretamente integrantes do Judiciário e outras figuras políticas.
No palco da ONU, Trump reforçou que tais medidas são parte de um esforço para proteger os cidadãos americanos e reafirmou que não pretende recuar enquanto, segundo ele, o Brasil mantiver práticas que afrontam princípios democráticos. O discurso amplia a tensão entre os dois países em um momento de forte desgaste diplomático.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Brendan SMIALOWSKI / AFP