A manhã de hoje no Senado Federal foi marcada por uma sessão especial, que integra o calendário de comemoração aos 40 anos da redemocratização no país, em homenagem ao ex-presidente José Sarney. O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), neto de Tancredo Neves, também foi homenageado e lembrou da trajetória do avô que, mesmo antes do golpe militar, já era uma liderança política respeitada.
O Brasil tem em seu registro alguns momentos de tentativa de intervenção das forças militares e muitas divergências e tensões entre partidos políticos. Os ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart são apenas alguns dos nomes que figuram neste quadro da história política do país. Todos esses momentos exigiram acordos políticos, conduzidos por Tancredo Neves.
“Os verdadeiros líderes são raros e fundamentais, pois se fundem e confundem com os seus ideais, como foi Tancredo, por isso fez as escolhas que fez, que fizeram dele um líder ainda maior”, comentou Aécio Neves. “Triste o povo que não conhece e não valoriza a sua história, pois ele terá maiores dificuldades pra construir o seu futuro”, completou.
Tancredo se consolidou como um político da conciliação que, com o respeito de líderes de todas as alas, conseguiu postergar o golpe militar por alguns anos, até que ele foi inevitável. Duas décadas depois, retornou como um personagem imprescindível para a democracia brasileira, sendo um dos principais articuladores da transição democrática. “Tancredo Neves foi um interlocutor necessário na política durante décadas e não procurava holofotes”, contou Aécio, ressaltando o compromisso do político, em primeiro lugar, com a ordem democrática.
Às vésperas de sua morte, Tancredo estava hospitalizado após sentir fortes dores abdominais e precisava passar por uma cirurgia. No entanto, apenas aceitou entrar na sala cirúrgica após ter certeza de que José Sarney não seria impedido de assumir a Presidência em seu lugar, naquela que seria a última eleição indireta do Brasil, caso ele morresse, contou Aécio.
Por Maiara Marinho do Correio Braziliense
Foto:Edilson Rodrigues/Agência Senado / Reprodução Correio Braziliense