Oito unidades da Federação, incluindo o Distrito Federal, apresentam incidência em níveis de alerta, risco ou alto risco relacionados à influenza A, porém, sem sinal de crescimento na tendência de longo prazo. A informação foi divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na nova edição do Boletim InfoGripe da Fiocruz.
A doença já se tornou a principal causa de mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em idosos e uma das três principais causas de óbitos entre as crianças. Nessa sexta-feira (16/5), a capital registrou mínima de 15°C e a sensação térmica mais baixa da semana (9°C). Tendência deve se manter no fim de semana.
Durante os meses mais frios, há um aumento expressivo na ocorrência de infecções respiratórias, como resfriados, gripes, rinossinusites, faringites, bronquites e pneumonias. “Isso ocorre principalmente devido à maior permanência em ambientes fechados e pouco ventilados, favorecendo a disseminação de vírus e bactérias. Além da redução da umidade do ar, que compromete a integridade das vias aéreas e a capacidade de defesa”, explica o pneumologista da Rede D’or Thiago Fuscaldi.
O médico afirma que os principais sintomas apresentados por essas doenças são tosse, congestão nasal, dor de garganta, febre, dor no corpo, espirros e secreção nasal. Fuscaldi ainda informa que, em alguns casos, podem surgir falta de ar, chiado no peito ou dor torácica. “Ao apresentar esses sinais, especialmente em caso de agravamento progressivo ou presença de comorbidades, é fundamental procurar avaliação médica”, sugere o médico.
Robson da Silva, 60 anos, corretor de imóveis, conta ao Correio que começou a sentir sintomas gripais há quatro dias, entre alguns deles estavam dor no corpo, febre e bastante coriza. O corretor desconfiava que estivesse apenas com uma gripe, porém descobriu que, na verdade, estava com broncopneumonia. Após buscar ajuda médica, o corretor agora está em tratamento com o uso de medicamentos para tratar da doença respiratória.
Fuscaldi explica que um quadro leve de infecção respiratória, geralmente, compromete apenas as vias aéreas superiores, com sintomas brandos e autolimitados. Já quadros mais graves, como a pneumonia, envolve os pulmões de forma mais profunda e requer atenção imediata. O pneumologista informa que “febre persistente, tosse com secreção purulenta, dor torácica, dificuldade para respirar, sonolência excessiva ou confusão mental são sinais de alerta que indicam gravidade e necessidade de atendimento médico urgente”.
Os grupos mais vulneráveis, como crianças pequenas, idosos, gestantes, imunossuprimidos – condição em que o sistema imunológico está enfraquecido – e pessoas com doenças crônicas são os mais suscetíveis a essas doenças respiratórias durante o frio. Fuscaldi expõe que para protegê-los, “é fundamental garantir a vacinação atualizada, incluindo vacinas contra pneumonia, Influenza, Covid-19 e vírus sincicial respiratório, quando indicadas”, conta.
Sabrina Castro, 23 anos, estagiária de administração conta que, desde a chegada do frio, sente que está com sintomas gripais, como coriza e dor de garganta. A estagiária conta que tenta sempre manter as vacinas em dia, principalmente, a da gripe, que a ajuda a se manter protegida do vírus.
Para reduzir o risco das doenças respiratórias, alguns cuidados preventivos podem ser adotados. Fuscaldi explica que manter os ambientes arejados, evitar exposição a mudanças bruscas de temperatura, manter boa hidratação, adotar uma alimentação equilibrada, lavar as mãos com frequência e manter o calendário vacinal atualizado são fundamentais.
Para Mariah Costa, 21 anos, assistente técnica, os efeitos da queda de temperatura já começaram a aparecer. “Minhas narinas ficam bem sensíveis, o que me causa certo incômodo, e percebo que começo a ter mais crises de enxaqueca”, diz ao Correio. Além disso, a assistente afirma que possui o hábito de se agasalhar e não se expor ao vento com o objetivo de evitar ficar doente.
Cuidados
Para reduzir o risco das doenças respiratórias, alguns cuidados preventivos podem ser adotados. Fuscaldi explica que manter os ambientes arejados, evitar exposição a mudanças bruscas de temperatura, manter boa hidratação, adotar uma alimentação equilibrada, lavar as mãos com frequência e manter o calendário vacinal atualizado são fundamentais.
A Secretaria de Saúde (SES-DF) informa que vem se preparando para o período de sazonalidade das doenças respiratórias e já implantou diversas ações para atender à população durante esse período crítico. “A orientação para pacientes com sintomas gripais e de doenças respiratórias é procurar a primeira instância de saúde, ou seja, a unidade básica de saúde (UBS) da região. As UBSs atendem casos de resfriado comum, febre e coriza. Situações mais graves são encaminhadas pela própria unidade básica para as atenções secundária ou terciária para atendimento especializado”, informou, em nota.
A pasta disse, ainda, que tem atuado para ampliar os atendimentos por meio da rotatividade de leitos, com remoções e altas hospitalares, além da ampliação da oferta de leitos nas unidades hospitalares. “Apesar da estrutura existente da rede de Atenção à Saúde no Distrito Federal, a demanda no Sistema Único de Saúde (SUS) continua crescente. Reforçamos que a vacina contra a Influenza é uma das formas de proteção contra casos graves de SRAG e está disponível nas unidades básicas de saúde para o público prioritário”, completa a nota.
A partir de segunda, o GDF amplia a vacinação contra a gripe para todos os públicos. Toda a população do Distrito Federal a partir de seis meses de idade poderá se vacinar contra a gripe na rede pública de saúde.
Previsão
De acordo com Danilo Fiden, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as condições registradas nos últimos dias refletem a transição para o clima mais seco e frio típico do inverno brasiliense. “Estamos com ventos mais fortes nos últimos dias, combinados à baixa umidade. Isso intensifica a sensação de frio”, explicou ao Correio.
Esse padrão climático deve se manter neste fim de semana. “A tendência é de céu parcialmente nublado, temperaturas mais baixas (de 15°C a 24°C) e pouca ou nenhuma ocorrência de chuva”, apontou o especialista. Os brasilienses devem se preparar para dias com a umidade cada vez mais baixa, especialmente nas horas mais quentes do dia. Tal fenômeno ocorre devido a chegada do período de seca, que se estende até setembro, o que aumenta o risco de problemas respiratórios e exige cuidados com a hidratação.
*Estagiária sob a supervisão de Patrick Selvatti
Por Davi Cruz e Roberta Leite do Correio Braziliense
Foto: Ed Alves CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense