Outros posts

Tarcísio ativa modo sucessão e cresce como herdeiro do bolsonarismo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem se consolidando como...

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem se consolidando como figura central nas especulações sobre a disputa presidencial de 2026. Mesmo sem anunciar publicamente uma candidatura, suas falas e movimentações recentes apontam para uma atuação estratégica que o aproxima cada vez mais do eleitorado de Jair Bolsonaro (PL), condenado à inelegibilidade até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De acordo com pesquisa AtlasIntel, divulgada nesta segunda-feira (8/9), Tarcísio aparece com 53% de aprovação no estado de São Paulo, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 42%. O levantamento ouviu 2.059 pessoas entre 29 de agosto e 3 de setembro e possui margem de erro de dois pontos percentuais. A desaprovação ao governador é de 43%, enquanto o petista registra 56% de rejeição no maior colégio eleitoral do país.

O momento mais emblemático dessa aproximação com o bolsonarismo ocorreu durante o ato de 7 de Setembro, na Avenida Paulista, quando Tarcísio defendeu a anistia para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e cobrou do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que paute o tema no plenário.

“Presidente de Casa nenhuma pode conter a maioria da vontade do plenário, de mais de 350 parlamentares. Então, Hugo: paute a anistia. Deixe a Casa decidir — e tenho certeza de que ele vai fazer isso”, declarou, sob aplausos do público que entoava “anistia já”.

No fim de agosto, em entrevista ao Diário do Grande ABC, o governador havia afirmado que, caso chegue ao Palácio do Planalto, seu primeiro ato será conceder indulto ao ex-presidente. “Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, disse.

As críticas de Tarcísio ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também reforçaram sua ligação com o núcleo mais radical do bolsonarismo. Ele acusou o magistrado de agir com “tirania”, o que lhe rendeu elogios de lideranças conservadoras, como o pastor Silas Malafaia, mas gerou forte reação da base governista.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu: “Precisa entender que ‘tirania’ é o que eles queriam impor ao país, não as decisões do STF no devido processo legal. E o que ninguém aguenta mais são as ameaças da família Bolsonaro contra o Brasil”, escreveu em suas redes sociais.

Na mesma linha, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), também nas redes, classificou as falas como “ataque frontal ao STF, que pode configurar coação no curso do processo”.

Do outro lado, parlamentares ouvidos pelo Correio enxergam nas falas do governador um sinal de alinhamento necessário ao eleitorado de direita. O deputado Kim Kataguiri (União-SP) avalia que a articulação em torno da anistia é “só uma sinalização para ser o candidato indicado pelo Bolsonaro”. Segundo ele, Tarcísio está claramente tentando se firmar como herdeiro político do ex-presidente.

Para o senador Izalci Lucas (PL-DF), não há dúvida de que a direita segue sob a liderança de Bolsonaro. “Nós, da direita, só temos um candidato, que se chama Jair Messias Bolsonaro. Eleições de 2026 sem Bolsonaro na disputa são golpe. Caso aconteça esse golpe, o candidato da direita vai ser quem o presidente Bolsonaro indicar. Ele é o maior líder da direita deste país”, defende.

Na mesma linha, o deputado Delegado Caveira (PL-PA) afirma que Tarcísio está em sintonia com as demandas do eleitorado bolsonarista. “Ele está agindo de acordo com suas convicções e com a maioria do povo brasileiro. A anistia é necessária para pacificar o Brasil. […]Temos patriotas presos, enquanto criminosos do PCC e do Comando Vermelho estão soltos. Se até o Tarcísio percebe a tirania da toga, imagine a população”, argumenta. Para ele, a definição de candidatura passa, inevitavelmente, por Bolsonaro. “Se ele indicar um cachorro, nós vamos votar. Qualquer nome apoiado por ele estará acima de Lula.”

Já no campo governista, as críticas ganham tom de ironia. O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) disse que o governador “está se esforçando para se converter, de fato, ao bolsonarismo e está sendo um bolsonarista típico”. Ele ainda ironizou o ato realizado no 7 de Setembro: “A bandeira levantada foi dos Estados Unidos. Será que ele é candidato de lá? Nas pesquisas que eu conheço, Lula continua à frente”.

O cálculo de Lula

Enquanto Tarcísio ganha espaço nas articulações da direita, Lula mantém cautela. O presidente já admitiu que pode buscar a reeleição, mas condicionou a decisão a questões de saúde e disposição física. “Tenho que estar 100% com saúde, com a cabeça boa, fisicamente bem. Se eu tiver como estou agora, não terei dúvida de que serei candidato”, declarou em entrevista à Rádio Itatiaia.

Ele também reconheceu que a próxima disputa será dura: “O que não vai faltar são nomes. Agora, precisamos ter certeza de que será uma eleição difícil e que não podemos perder. Se eu for candidato, pode ter certeza que é para ganhar”, afirmou.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense

Foto:  AFP

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp