Três onças-pardas foram vistas nos últimos dias em uma Área de Preservação Ambiental (Apa) entre as chácaras do Núcleo Rural Córrego do Urubu e do Núcleo Rural Ólhos d’Água, no Lago Norte. Uma égua morreu após ser atacada pelos animais dentro de uma fazenda, próximo ao Haras MRZ, na noite de quarta-feira. Segundo a Polícia Militar Ambiental (BPMA), o cadáver do animal apresentava lesões condizentes com mordidas na região cervical, facial esquerda e perfurações profundas na região traquial.
Osano da Costa conta que sentiu falta da égua na terça-feira (3/6), pela manhã. “Na verdade, quem encontrou primeiro foi meu cachorro. Quando fui procurar, ele saiu na frente e ficou deitado lá me esperando”, contou. Ele explica que, ao ver os ferimentos, tentou limpar e colocar um pano para estancar os sangramentos, mas que não conseguia tirar o animal do local. “Quando voltei na quarta, ela já estava morta”, completou.
A BPMA ainda informou que moradores da redondeza relataram que há um mês estariam desaparecendo galinhas, patos e galinhas d’angola na região. Davi Freitas, de 13 anos, afirmou ter visto as onças na quinta-feira (29/5). O adolescente faz aulas de hipismo próximo ao local da ocorrência. “No meio do caminho para a aula, vi elas pulando o córrego. Até achei que eram três cachorros, mas quando olhei melhor, reparei que eram onças mesmo”, contou. O relato do menino foi confirmado por moradores da região.
Durante a varredura à procura dos animais, a Polícia Ambiental encontrou marcas de garras em, pelo menos, três árvores nas proximidades, condinzentes com garras de grande felino. “Os fatos in loco, denotam que há a presença de onça no local e que o ponto em questão se trata de área de caça”, informou.
Morador da região há 36 anos, Eudi Ferreira conta que não tem medo das onças, mas cuida dos seus animais para que não sejam alvo. “Elas não atacam gente, só atacam para proteger os filhote dela. E os bichos elas pegam porque estão com fome, então, deixo sempre presos à noite”, explicou. “Antes eu tinha muito problema com os cachorros comendo as galinhas à noite, mas já tem quase dois meses que eles nem aparecem. Acho que ficam com medo das onça no mato”, brincou.
Prevenção
Na tarde dessa sexta-feira (6/6), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), visitou o local do ataque para orientar os moradores da região de como proteger seus animais de ataques de predadores. As instruções são baseadas no Guia Prático de Convivência de Predadores Silvestres e Animais Domésticos, produzidos pelo Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap).
Segundo o guia, os principais predadores de animais domésticos de maior porte, como bezerros, potros e porcos, são as onças-pintadas e as onças-pardas. Muitas vezes confundidas, as onças-pardas, que rondam a região do Lago Norte, são felinos àgeis e também conhecidos como puma, suçuarana, leão baio, lombo-preto ou onça-vermelha. De aparência menos robusta, a onça-parda não ruge como a onça-pintada, e sim produz um som mais parecido com um miado, afirma o documento.
Com ataque voltado para a sufocação, a onça-parda geralmente mata suas presas com mordidas na garganta, como encontrado na égua. Como principais recomendações para a convivência com predadores de animais, o guia destaca o uso de cercas para impedir que os animais entrem na mata, recolher os animais ao anoitecer em àreas de mata extensa, manter iluminação nas áreas onde ficam os animais e conhecer a aparência e os sinais dos ataques por esses animais.
Segundo o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), não existem casos de ataques de onças a seres humanos no Distrito Federal. “As onças percebem o ser humano como predadores, e não presas, e, assim, evitam o confronto direto. Quando percebem nossa presença no ambiente, esses animais fogem”, informaram. O Instituto concluiu afirmando que a equipe técnica segue atuando de forma preventiva e orientativa em áreas de preservação ambiental. “A convivência com a fauna silvestre é possível, segura e necessária para o equilíbrio ecológico do nosso território”, concluiu.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Bruna Gaston/CB/D.A Press