O Distrito Federal é a unidade federativa com o maior registro de roubo de celulares em vias públicas, de acordo com os dados do mais recente Anuário de Segurança Pública. Em 2023, 93,9% das ocorrências desta natureza foram nesses locais. O número ultrapassa o de estados maiores e com maior população, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Na visão do especialista em segurança pública, Leonardo Sant’Anna, o percentual pode estar atrelado ao alto poder aquisitivo de grande parte da população, que gera um maior volume de aparelhos celulares: “Aqui nós temos a maior quantidade de veículos per capita do Brasil e com os celulares é a mesma coisa”.
Junto a isso, Leonardo destaca que a conscientização da população com relação ao assunto e a credibilidade das forças de segurança podem contribuir para o aumento desses registros. “Temos uma participação social muito maior no DF que em outras capitais. A comunidade acredita nas políticas públicas para fazer denúncias”, ressaltou.
Em estabelecimentos comerciais, residências, hospitais, sítios e fazendas, a incidência de roubos de celulares na capital federal soma apenas 6,1%. Segundo o levantamento, os roubos acontecem principalmente nos horários em que as pessoas estão saindo de casa para o trabalho/escola, ou seja, no início da manhã, e quando retornam no final do dia, entre 18h e 22h.
À reportagem, uma estudante de 22 anos, que preferiu não se identificar, contou que foi assaltada no mês passado, quando voltava de noite da faculdade para sua casa, em Taguatinga. “Eu estava a algumas ruas de distância da minha casa, quando percebi que um homem veio correndo atrás de mim. Ele puxou o celular da minha mão e eu não tive reação”, contou.
A jovem explicou que para evitar passar por essa situação novamente decidiu mudar os caminhos que faz para ir e para voltar da faculdade, dando prioridade às rotas onde o fluxo de pessoas é maior, evitando becos e locais com pouca iluminação. “Eu passava por lugares muito vazios e vi que isso não era bom”, concluiu.
Entre 2022 e 2023, houve queda de 26% no número de roubos de aparelhos no DF, passando de 13.259 para 9.803 mas, por outro lado, houve aumento de 4,1% no número de furtos, que foi de 15.172 em 2022, para 15.791 em 2023. O furto acontece quando algum objeto é subtraído sem a vítima perceber.
Apesar dos números, o Distrito Federal está fora do ranking das cidades com as maiores taxas de furtos e roubos. Nessa lista, Manaus (AM) aparece em primeiro lugar, com taxa de 2.096,3. Teresina (PI) ficou em segundo lugar, com taxa de 1.866, e São Paulo (SP) em terceiro, com taxa de 1.781,6.
No Brasil
Em todo o país, a maior parte dos roubos acontece em vias públicas (78%), conforme aponta o anuário. Com relação ao perfil das vítimas, 58% são homens de 20 a 29 anos. Além disso, a taxa de roubos de celulares entre as pessoas negras é 28,9% maior que a observada entre pessoas brancas.
De 2022 a 2023, o roubo de celulares caiu 10% no Brasil, mas os números ainda são altos. Em 2023 foram registrados 442.999 roubos, enquanto em 2022 foram 492.905. Já o furto de celulares aumentou 0,7%, passando de 490.771 em 2022 para 494.295 em 2023. Isso significa que quase 2 celulares são subtraídos por minuto.
“Os roubos e furtos de celulares também parecem influenciados pelo baixo nível de letramento digital das vítimas e, em especial, pela baixa capacidade institucional do Estado, especialmente das polícias civis, em investigar tais ocorrências e punir seus responsáveis”, alerta o anuário. A pena para o crime de roubo varia de 4 a 10 anos de prisão, já para furto a pena é de 1 a 4 anos de prisão.
Como se prevenir
Em nota ao Jornal de Brasília, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) deu algumas dicas de como evitar roubos e furtos de celulares: “Procure identificar e evitar situações suspeitas, como pessoas estranhas se aproximando ou que carros estejam seguindo. Em caso de emergência, tenha em mente o que fazer, como chamar por socorro e, se tiver a oportunidade, corra para um local seguro”.
A PMDF também orienta que a população evite usar o celular enquanto caminha e que configure o aparelho para que seja possível localizá-lo em tempo real. “Caso você tenha o seu celular furtado ou roubado, você deve fazer o registro da ocorrência policial imediatamente e entrar em contato com a operadora para cadastrar o IMEI com restrição em virtude do crime”, informou.
Por Elisa Costa do Jornal de Brasília
Foto: Imagem ilustrativa criada a partir de Inteligência Artificial / Reprodução Jornal de Brasília