O uso abusivo de álcool e outras drogas não é apenas um desafio clínico – é um drama social que afeta famílias inteiras, desestrutura vidas e pressiona ainda mais os serviços públicos de saúde. Para quem atua na linha de frente da saúde, saber lidar com essa realidade vai muito além da técnica: exige escuta, empatia e, principalmente, desconstrução de julgamentos.
É com esse objetivo que a Diretoria de Inovação, Ensino e Pesquisa (Diep), do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF), dará início, neste mês, à capacitação voltada para profissionais da saúde. O foco é promover uma abordagem mais sensível, qualificada e baseada em evidências sobre o cuidado com pessoas em uso grave e persistente de substâncias.
Uma das palestrantes da capacitação, a assistente social Beatriz Sousa Liarte chama a atenção para o preconceito, que ainda ocorre em larga escala: “O uso de álcool e outras drogas, infelizmente, ainda é muito visto como falha de caráter, mas a gente precisa lembrar que é uma questão de saúde pública reconhecida pela Organização Mundial de Saúde [OMS] e que pode impactar diretamente no tratamento de outras condições clínicas; por isso precisamos tratar isso com responsabilidade, acolhimento e sem julgamentos”.
A proposta do curso é oferecer não só ferramentas técnicas de intervenção, mas também reforçar a importância de práticas mais humanas e inclusivas. Entre os temas discutidos estão escuta ativa, redução de danos, encaminhamentos adequados para unidades especializadas e estratégias de comunicação com pacientes em situação de vulnerabilidade.
A capacitação será ministrada em quatro encontros presenciais, distribuídos entre o Hospital de Base e o Hospital Regional de Santa Maria. É aberta a todos os profissionais da área da saúde, incluindo público externo. As aulas serão sempre das 9h às 11h, com a seguinte distribuição: dias 13 e18, na Diep do Hospital de Base; dias 16 e 24, no auditório do Hospital Regional de Santa Maria.
A ideia é que, em breve, as unidades de pronto atendimento (UPAs) também sejam contempladas com o treinamento. “Não se trata apenas de lidar com uma crise, mas de criar uma cultura de cuidado, e isso começa com profissionais preparados para enxergar o outro com mais humanidade”, pontua Beatriz Liarte.
*Com informações do IgesDF
Por Revista Plano B
Fonte Agência Brasília
Foto: Divulgação/IgesDF