A Polícia Federal prendeu na terça-feira (14/10) o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, durante a Operação Narco Bet, que apura um esquema internacional de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas.
A ação contou com o apoio da Polícia Criminal Federal da Alemanha (BKA), que cumpriu um mandado de prisão contra um dos investigados no país europeu.
Buzeira é conhecido nas redes sociais por exibir uma vida de luxo, com carros importados, festas e apostas esportivas, e acumula milhões de seguidores no Instagram e em outras plataformas. Ele se apresentava como empreendedor e apostador profissional, e ganhou popularidade entre jovens interessados em apostas e sorteios online.
O influenciador também promovia rifas e desafios pagos, nos quais costumava oferecer prêmios como veículos e quantias em dinheiro.
Segundo nota oficial da PF, a operação é um desdobramento da Narco Vela, que teve como foco o combate ao tráfico de entorpecentes por via marítima a partir do litoral brasileiro.
As investigações indicam que o grupo usava técnicas sofisticadas de movimentação financeira, incluindo criptomoedas e remessas internacionais, para ocultar a origem ilícita dos valores e dissimular patrimônio. Parte do dinheiro teria sido injetada em empresas do setor de apostas eletrônicas — as chamadas bets.
Ao todo, foram cumpridas 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Justiça determinou também o bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 630 milhões, com o objetivo de descapitalizar o grupo criminoso e reparar prejuízos causados pelas atividades ilegais.
De acordo com o portal G1, além de Buzeira, também foi preso o empresário Rodrigo Morgado, que ganhou notoriedade nas redes sociais após sortear um carro em uma festa de sua empresa e, em seguida, tomar o veículo da funcionária sorteada.
Os investigados poderão responder por lavagem de dinheiro e associação criminosa, crimes que, segundo a PF, têm caráter transnacional.
O início
Segundo informações da Agência Brasil, a Operação Narco Bet surgiu como desdobramento da apreensão de um veleiro brasileiro pela Marinha dos Estados Unidos, em fevereiro de 2023.
A investigação revelou uma rota de tráfico marítimo entre a América do Sul e a Europa, abrangendo tanto a logística do transporte de drogas quanto as estratégias usadas para lavagem e nacionalização dos recursos obtidos de forma ilícita.
A operação anterior, chamada Narco Vela, mobilizou mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares do Estado de São Paulo.
Na ocasião, foram cumpridos 35 mandados de prisão e 62 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara Federal de Santos, em endereços localizados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina. As medidas incluíram bloqueio e apreensão de bens avaliados em cerca de R$ 1,32 bilhão.
A Operação Narco Bet
A Operação Narco Bet mira uma organização criminosa suspeita de movimentar grandes quantias oriundas do tráfico internacional de drogas por meio de apostas esportivas e criptomoedas.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo investigado teria criado uma rede de empresas de fachada e usado nomes de terceiros para movimentar valores oriundos do tráfico internacional de drogas. As estruturas empresariais incluíam holdings familiares e contas abertas em nome de laranjas, o que permitia mascarar o destino e a origem do dinheiro.
A investigação teve início após a identificação de transações financeiras incompatíveis com a renda declarada dos investigados e o uso de empresas aparentemente legítimas para mascarar a origem do dinheiro. As apostas online funcionavam como um canal para integrar valores ilícitos ao sistema financeiro, dificultando o rastreamento do fluxo de capital.
Segundo o G1, o delegado Marcelo Maceiras, responsável pela apuração, afirmou que o principal objetivo é interromper o ciclo de lavagem de dinheiro, bloqueando o patrimônio acumulado com atividades ilegais. Entre as medidas determinadas pela Justiça estão o bloqueio de mais de R$ 630 milhões e a apreensão de bens de alto valor, como veículos, imóveis e embarcações.
As autoridades brasileiras destacam que parte das plataformas investigadas operava com autorização do governo, mas que há indícios de uso de recursos ilícitos na constituição e manutenção dessas empresas. Outras, com sede no exterior, permanecem sob investigação em cooperação internacional.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificaram movimentações milionárias entre os investigados, incluindo transferências de Rodrigo Morgado para Buzeira, além de valores associados à compra de uma mansão de interesse do influenciador.
Rodrigo de Paula Morgado, contador e empresário, é apontado pela PF como um dos principais operadores financeiros do esquema.
Ele se apresenta nas redes sociais como especialista em redução de impostos e costumava exibir uma rotina marcada por carros esportivos, viagens internacionais e contato com celebridades do futebol, como Neymar e Ronaldo Fenômeno. Segundo os investigadores, Morgado teria usado empresas ligadas ao ramo de apostas para lavar parte dos recursos do tráfico.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Polícia Federal/Divulgação