O anúncio do nome que comandará o Partido dos Trabalhadores pelos próximos quatro anos sofreu atraso depois de uma decisão judicial que adiou a votação no diretório estadual de Minas Gerais. A Justiça do Distrito Federal determinou, no sábado (5/7), a inclusão da deputada federal Dandara Tonantzin (MG) na disputa. A parlamentar recorreu após ser impedida de concorrer pela sigla, que alegou falta de pagamento de contribuições partidárias dentro dos prazos.
Com a decisão, o PT anunciou o adiamento no dia da votação, pois, segundo a sigla, seria impossível inserir o nome dela nas cédulas já produzidas — a eleição é por meio do voto impresso. “O adiamento cumpre decisão judicial de garantir igualdade de condições aos candidatos, sem prejuízo da defesa do Diretório Nacional no processo em referência que demonstrará a plena regularidade de todas as decisões tomadas pelas instâncias internas do partido”, disse a agremiação.
Segundo o presidente interino da sigla, o senador Humberto Costa (SP), a apuração dos votos nos demais estados deve ser concluída hoje. O parlamentar também marcou uma reunião do diretório nacional do partido para amanhã, com o objetivo de definir quando será a votação em Minas Gerais e discutir sobre a judicialização por parte de filiados contra decisões do partido. Ele não descartou a possibilidade de punição.
“Esse processo de judicialização de decisões partidárias é uma coisa, no meu ponto de vista, completamente inaceitável. No passado, sempre que isso aconteceu, o partido foi muito firme em relação a essas pessoas. Tivemos comissão de ética em alguns casos, resultado de comissão de ética. Mas não vou me antecipar, terça-feira essa discussão pode ser feita”, disse Humberto Costa, que detalhou que o papel da Justiça interferir em questões internas de qualquer legenda. “O nosso partido tem primeiro a autonomia política e administrativa que é concedida pela legislação eleitoral. Segundo, na nossa visão, as decisões do partido devem ser tomadas no âmbito do partido e o que for decidido deve ser cumprido por todos. Além do mais, a decisão que foi tomada pelo diretório nacional foi por uma larga margem, então eu entendo que foi uma posição equivocada, errada”, apontou o senador.
Saída de Gleisi
Apesar da indefinição, a última presidente eleita do PT, Gleisi Hoffmann, atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais, disse ter orgulho da sigla e comemorou a mobilização da militância para votar no domingo. “Tenho muito orgulho desse partido, que presidi por oito anos junto com companheiros e companheiras combativos(as), enfrentando adversidades e também colhendo vitórias. O PT é um dos maiores partidos do Brasil e da América Latina. Um partido vivo, que debate seus rumos e fortalece a democracia brasileira”, disse por meio das redes sociais.
Ao longo do dia, vários nomes de peso do PT votaram nas eleições. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi às urnas pela manhã, no Rio de Janeiro, onde participa da reunião da 17ª Cúpula do Brics. O ministro Fernando Haddad também votou na cidade. A ministra Gleisi Hoffmann votou no Paraná.
O ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, é o favorito na disputa. Ele é apoiado por Lula e representa a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Seu principal oponente é o deputado Rui Falcão (SP), que antecedeu Gleisi Hoffmann no cargo, e presidiu o partido de 2011 a 2017. A disputa tem também o historiador Valter Pomar, que representa o setor mais ideológico da legenda, a corrente Articulação de Esquerda; e Romênio Pereira, que representa o Movimento PT — e é visto como um nome conciliador.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press