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Medicamento contra obesidade melhora condição respiratória, aponta estudo

Estudo de universidade dos Estados Unidos descobriu evidências de que um remédio que trata raro distúrbio genético...

Estudo de universidade dos Estados Unidos descobriu evidências de que um remédio que trata raro distúrbio genético de obesidade grave pode ser útil para uma síndrome que afeta a respiração durante o sono. A pesquisa, publicada no último 15 de abril no The Journal of Clinical Investigation, descreve estudo realizado com animais envolvendo a setmelanotida, medicamento aprovado pela agência americana que regula a área, mas que não é liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso amplo no Brasil. 

A Síndrome de Hipoventilação da Obesidade (SHO), ou Síndrome de Pickwick, afeta a capacidade do portador de respirar normalmente ou com a frequência necessária, principalmente durante o sono. Isso faz com que o corpo das pessoas que sofrem com a doença — de 5 a 10 milhões apenas nos EUA — acumule dióxido de carbono mesmo quando estão acordadas. 

Como essas pessoas não conseguem “sentir” o acúmulo de CO2 tão bem quanto deveriam, não respiram mais fundo ou de forma mais rápida com o objetivo de eliminá-lo. 

De acordo com os cientistas responsáveis pela descoberta, os tratamentos normalmente usados para ajudar a manter abertas as vias aéreas enquanto se dorme, como aparelhos de pressão positiva, oferecem ajuda limitada ao paciente da SHO, uma vez que não podem ser usados de forma consistente. O objetivo do estudo foi, portanto, abordar a “lacuna crítica” entre as opções de lidar com a síndrome, já que, atualmente, não existe medicamento específico para tratá-la. 

A setmelanotida, usada para tratar alguns tipos de obesidade, foi administrada pelos estudiosos em camundongos obesos, a fim de verificar se a medicação auxiliaria na melhora da respiração deles. O alvo era uma proteína encontrada em neurônios cerebrais chamada MC4R, ativada pelos pesquisadores por meio de ferramentas especiais. Essa proteína ajuda o cérebro a controlar a quantidade de alimentos que mamíferos, inclusive humanos, ingerem, bem como a quantidade de energia que queimam e a forma como respiram. 

O resultado dos experimentos mostrou que apenas uma dose do remédio melhorou não só a forma de os animais respirarem, mas a resposta deles a altos níveis de dióxido de carbono — o que se mostra relevante no que diz respeito à perda de sensibilidade ao CO2 experienciada por pacientes da SHO. A melhora, que fez com que eles inalassem mais ar por minuto, ocorreu tanto durante atividades quanto durante o sono. Pausas na respiração ao dormir, conhecidas como apneias, foram eliminadas, e o nível de oxigênio no sangue aumentou. 

Assim, o medicamento aprimorou, em machos, a respiração mais do que seria esperado como consequência do aumento do metabolismo — o que se esperaria de tratamento para obesidade. Em fêmeas, o resultado foi proporcional e a resposta ao dióxido de carbono não foi tão forte. 

Além disso, ele também estimulou o respirar de camundongos magros, o que sugere a utilidade dele para outros problemas respiratórios não relacionados à condição que inciou a investigação. 

É provável, portanto, que a setmelanotida atue diretamente nas regiões do cérebro que controlam especificamente a respiração. 

Quando os neurônios MC4R foram desativados, porém, a resposta dos camundongos ao CO2 piorou, mesmo que o remédio continuasse sendo administrado. Dessa forma, os estudiosos descobriram que as células nervosas em questão são essenciais e se conectam de forma direta a outras células cerebrais que controlam o diafragma, principal músculo usado para respirar. 

De acordo com comunicado para a imprensa acerca do estudo, esta é a primeira evidência direta de que a via MC4R desempenha papel crucial no controle da respiração pelo cérebro de pacientes obesos. Assim, a pesquisa atesta que a setmelanotida, embora careça de mais estudos, conforme explicam os cientistas, pode ser capaz de tratar a Síndrome de Hipoventilação da Obesidade. 

Conforme esclarece no comunicado o professor da Universidade George Washington Vsevolod Polotsky, a pesquisa é “primeiro passo em direção a um tratamento tão necessário para uma condição com risco de vida que afeta milhões de pessoas”. 

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense       

Foto: Wirestock/Freepik

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