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Mais pretos e pardos obtêm vagas em cursos superiores

Dados do Censo 2022 da Educação, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e...

Dados do Censo 2022 da Educação, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a população preta com nível superior completo aumentou 5,8 vezes — saiu de 2,1%, em 2000, para 11,7% em 2022. Já a população parda formada em uma universidade cresceu 5,2 vezes — era 2,4%, em 2000, e saltou para 12,3%, em 2022.

Apesar disso, as diferenças raciais permanecem. O percentual da população branca com o mesmo nível de educação variou de 9,9%, em 2000, para 25,8%, em 2022. Esse percentual é duas vezes maior do que o de pretos ou de pardos.

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As graduações mais concorridas, segundo o Censo 2022 da Educação, têm um percentual muito maior de brancos cursando. Em 2022, 75,5% das pessoas com graduação em medicina eram brancas, enquanto 19,1% eram pardas e apenas 2,8% eram negras. Nos cursos de odontologia, economia e direito, o percentual de pardos não passava dos 25%. No curso de serviço social, porém, o percentual é mais equilibrado: 47,2% dos formados são brancos, 40,2% são pardos e 11,8%, pretos.

Isso representa que 16 milhões de pessoas com ensino superior completo são brancas, 7,5 milhões pardas e 1,8 milhões, pretas — além de 300,4 mil amarelas e 54 mil indígenas.

De acordo com o analista de divulgação Bruno Perez, o crescimento de pessoas com nível superior completo ocorreu em todas as raças. “Comparando os resultados de 2022 com as operações censitárias anteriores, nota-se que o aumento da proporção de pessoas com nível superior ocorreu para todos os grupos de cor ou raça”, frisou.

Para José Aguilera, secretário-executivo do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), o indicador de desigualdades entre a população negra e parda e a branca com formação superior indica a necessidade de ações afirmativas complementares para fixar os jovens pretos e pardos na universidade.

O progresso no número de pessoas pardas e negras nas universidades, segundo Aguilera, pode ser atribuído a fatores, como a expansão da oferta no ensino superior, implantação da Lei de Cotas, em 2012, e o maior número de bolsas de estudo em faculdades particulares

Para Aguilera, os cursinhos pré-vestibular de base comunitária também têm oferecido novas oportunidades de preparação ao ensino superior para pretos e pardos da periferia. “Em Brasília, por exemplo, temos 18 cursinhos pré-universitários”, observa, acrescentando que, uma vez conquistada a vaga na universidade, o desafio passa a ser permanecer estudando.

“O maior desafio reside na permanência dessa juventude (na faculdade). Programas como o Pé-de-Meia e o Mais Professores vêm reforçar o aumento de oportunidades para jovens de baixa renda, pretos, pardos, indígenas e PCD, oriundos de escolas públicas”, expõe.

Aumenta o número de diplomados

De acordo com os dados do Censo 2022 da Educação, de 2000 a 2022, o número de brasileiros com 25 anos ou mais que têm nível superior completo subiu de 6,8% para 18,4% — aumento de 2,7 vezes. No mesmo período, o percentual de pessoas sem instrução ou sem conclusão do ensino fundamental caiu de 63,2% para 35,2%.

Os pardos e negros de 25 anos ou mais continuam sendo a população com maior proporção de pessoas sem instrução e com ensino fundamental incompleto — com 40,1% dos pardos e 40,5%, dos negros. Para a população branca da mesma faixa etária, a proporção de pessoas sem instrução com ensino fundamental incompleto era de 29,2%.

Entre as Unidades da Federação, o Distrito Federal tem a maior proporção de pessoas com nível superior (37,0%), seguido de São Paulo (23,3%). No Maranhão, apenas 11,1% da população tem o ensino superior completo. No Censo de 2000, a proporção era de 15,3%, no Distrito Federal, e 1,9%, no Maranhão.

No Piauí, o percentual da população sem instrução ou sem ensino fundamental completo é a maior do país (19,2%). Além disso, em mais da metade dos municípios (3.008), a população não tinha instrução, enquanto em apenas 75 municípios mais de 25% da população tinha ensino superior.

Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, São Caetano do Sul (SP) tinha a maior proporção da população de 25 anos ou mais com nível superior completo, em 2022. Belford Roxo (RJ) tinha a menor (5,7%).

Instrução

Os dados de gênero também tiveram algumas diferenças em 22 anos. Em 2022, as mulheres com instrução superavam os homens. Entre elas, 20,7% tinham nível superior completo e, entre eles, esse percentual era de 15,8%. Entre a população sem instrução ou ensino fundamental, apenas 33,4% das mulheres faziam parte — os homens são 37,3%.

Alguns cursos são dominados pelas mulheres. Na área de serviço social, elas são 93% entre os graduados. As mulheres também são maioria nas formandas em enfermagem (86,3%).

Na área de “Formação de professores sem áreas específicas”, elas são 92,8% das graduadas. Em áreas de exatas, apenas 7,4% das mulheres concluíram o curso de “Engenharia Mecânica e Metalurgia”.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

Por Maria Beatriz Giusti do Correio Braziliense

Foto: Valdo Virgo / Reprodução Correio Braziliense

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