O presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro serão cada vez mais forçados a empregar discursos politizados — principalmente após as medidas cautelares determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. No caso do ex-presidente, a restrição à liberdade deixou para segundo plano qualquer esforço do governo brasileiro para resolver o impasse tarifário provocado pela Casa Branca. Até quinta-feira, Bolsonaro se apresentava como alguém que poderia ser interlocutor – mais um, além de Tarcísio de Freitas – para frear a ofensiva comercial dos Estados Unidos. Essa iniciativa, entretanto, não se sustentava em pé. E, desde ontem, foi aniquilada pela dimensão política que o affair Trump-Brasil adquiriu. Quanto ao presidente Lula, com a decisão do STF e a retaliação norte-americana de suspender o visto ao ministro Alexandre de Moraes, não há outra alternativa exceto defender com mais veemência a soberania do Brasil. Aliados e mesmo parlamentares de centro acreditam que o chefe do Planalto vá “pisar no acelerador”.
Em cima do muro
Até aqui, os presidentes de partidos de centro-direita como Progressistas, Ciro Nogueira, e União Brasil, Antônio Rueda, mantêm um posicionamento totalmente a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entretanto, com a decisão do STF e a repercussão do tarifaço de Donald Trump ao Brasil, os partidos precisarão escolher um lado: ou apoiar Bolsonaro ou defender a soberania nacional perante aos Estados Unidos.
Cálculo não explicado
Ainda sobre o relatório da isenção do IR, deputados questionam a decisão do relator, Arthur Lira (PP-AL), de deixar de fora a arrecadação dos dividendos em 2025. Segundo deputados, o cálculo no relatório de arrecadação terá um desfalque de R$ 4 bilhões. Questionado durante a comissão, Lira se esquivou da pergunta
E a reforma administrativa?
Para o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) o parecer do relator da reforma administrativa, Pedro Paulo (PSD-RJ), foi aquém do esperado. “Avaliação de desempenho e limite ao teletrabalho são medidas básicas, mas tímidas diante do tamanho da máquina. Sem enfrentar a estabilidade excessiva, os penduricalhos e a politização da estrutura, o Brasil continuará refém de um Estado que serve a si mesmo antes do cidadão”, afirmou à coluna.
Vai cair
Muitos parlamentares apostam que a taxação dos dividendos no projeto da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil não vai durar. Parte do texto deve cair no plenário da Câmara. Entretanto, caso o item sobre os dividendos avance para o Senado, será derrubado.
Blindado
Chamou a atenção dos parlamentares o comportamento do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo em dois eventos ligados ao Legislaitivo — almoço na Frente Parlamentar pelo Empreendedorismo e audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Comenta-se que o pupilo de Lula é treinado e não conversa com ninguém após os eventos. “A assessoria blinda muito o Galípolo. Ele nunca fala”, comentou um participante dos encontros.
A ver navios
O texto em tramitação na Câmara dos Deputados sobre isenções tributárias, de autoria do deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), deve ser deixado de lado. Benevides tem um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta de seguir com o texto caso o governo não envie proposta. Mas como adiantado pela coluna, a proposta da Fazenda integrará o relatório do projeto proveniente do Senado.
Vai ser cheio
À coluna, o presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Fabio Schiochet (União-SC), está preocupado com a volta dos trabalhos em agosto. Segundo ele, os ânimos dos deputados devem voltar sensíveis em razão do período pré-eleitoral. E não faltam motivos: as representações contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Kim Kataguiri (União-SP), Célia Xakriabá (PSol-MG), Lindbergh Farias (PT-RJ); a revisão do caso do Gilvan da Federal (PL-ES); e a possibilidade de a oposição denunciar Erika Hilton (Psol-SP).
Nova tendência
Entretanto, ao analisar os casos mais recentes, o presidente acredita que o conselho pode manter a tendência de suspender mandatos ao invés de aprovar a cassação. “É mais fácil suspender do que cassar, tem mais harmonia e pode ser uma nova forma de evitar os conflitos na Casa”, ponderou.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Caio Gomez