O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou fortes críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas. O petista disse que o Brasil é alvo de “ingerência contra assuntos internos” e que “a nossa democracia e a nossa soberania são inegociáveis”.
Lula foi o primeiro chefe de Estado a discursar na Assembleia, realizada em Nova York, como é tradição nas Nações Unidas. Ele citou o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e defendeu que o ex-presidente teve pelo direito à defesa. Sua fala foi seguida da de Donald Trump.
“Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra as nossas instituições e a nossa economia”, discursou o presidente brasileiro.
“Essa ingerência contra assuntos internos conta com o auxílio de falsos patriotas que arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”, acrescentou. A fala se refere ao PL da Anistia, que visa extinguir as penas de Bolsonaro, seus aliados e os condenados pelos ataques de 8 de janeiro.
O discurso de Lula marca a primeira vez que ele vai aos Estados Unidos desde a crise diplomática entre os dois países, motivada principalmente pelo processo judicial contra Bolsonaro, aliado de Trump.
Escalada das tensões
Ontem (22), o governo norte-americano anunciou novas medidas contra autoridades brasileiras e seus familiares, como a esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Viviane Barci de Moraes, sancionada com a Lei Magnitsky, e o advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que teve seu visto suspenso.
“Há poucos dias e pela primeira vez em 525 anos de nossa história um chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Demorático de Direito”, declarou Lula.
“(Bolsonaro) Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e aqueles que os apoiaram. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, frisou o chefe do Executivo.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: ANGELA WEISS/AFP