O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou nesta terça-feira (1º/7) contra as críticas que o governo vem recebendo pelas propostas fiscais que visam aumentar impostos para as camadas mais ricas da população.
Em discurso inflamado, Lula argumentou que quer reduzir privilégios, mas que foi impedido pelo lobby de setores econômicos, citando especificamente as casas de apostas on-line, as bets. Também afirmou que, ao tentar taxar quem ganha mais de um milhão de reais por ano, houve “uma rebelião”.
“Ninguém está querendo tirar nada de ninguém. Queremos apenas tirar os privilégios de alguns para dar um pouco de direito para outros. É só isso que queremos. E, de repente, você vê, na verdade, o lobby. O lobby, na verdade, não é uma pessoa que é lobista, virou uma indústria de lobby”, discursou o presidente.
“A gente queria taxar essas bets, essas coisas que você não consegue mais ver televisão porque é tanta propaganda de aposta que você não sabe mais nem no que apostar. A gente queria aumentar apenas de 12% para 18%. 6% para pessoas que estão ganhando milhões sem fazer nada”, acrescentou Lula.
Lula discursou para uma plateia formada principalmente por empresários do agronegócio, durante o lançamento do Plano Safra 2025/2026 para a agricultura empresarial. O evento ocorreu no Salão Nobre do Palácio do Planalto. O chefe do Executivo argumentou que quer criar justiça fiscal no país ao aumentar a taxação sobre os mais ricos, mas que enfrenta dificuldades
“É difícil. É muito difícil. Só pode ser ganância. Só pode ser a desgraçada doença de acumulação de riqueza só para mim e não para os outros”, comentou o petista.
“E eu fico triste quando vejo as pessoas jogarem a culpa em cima dos doentes, do BPC (Benefício de Prestação Continuada), do Bolsa Família. Em cima do Pé-de-Meia, para garantir que 500 mil jovens que desistiam da escola não desistam”, lamentou ainda.
Responsabilidade fiscal
A fala ocorre no dia em que a Advocacia-Geral da União (AGU) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a derrubada do decreto que aumentou alíquotas do IOF pelo Congresso Nacional.
Com o acirramento das tensões com o Legislativo, o governo federal adotou o discurso de que atua para beneficiar as camadas mais pobres da população, enquanto o Congresso tomou decisões voltadas para os mais ricos.
O presidente argumentou ainda que, apesar das críticas que recebe sobre a responsabilidade fiscal de seu governo, o Brasil foi o único país do G20 entre 2003 e 2010 que teve superavit primário todos os anos.
Também questionou se seu governo trabalharia pela aprovação do arcabouço fiscal, que limita o crescimento dos gastos públicos a 2,5% por ano acima da inflação, se não tivesse compromisso com o ajuste das contas.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Evaristo SA/AFP