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Lula aposta na queda de braços com Trump em 2026

O discurso de Luiz Inácio Lula da Silva no 17º Encontro Nacional do PT incorporou...

O discurso de Luiz Inácio Lula da Silva no 17º Encontro Nacional do PT incorporou a queda de braços com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à sua estratégica eleitoral para 2026. Em meio à crise diplomática com os Estados Unidos, agravada pelo tarifaço de 50% imposto pela Casa Branca, com apoio de Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, o petista elevou o tom na retórica nacionalista e partiu para a disputa simbólica dos valores nacionais.

Ao atacar Bolsonaro por “abraçar a bandeira americana para pedir sanções contra o próprio país”, Lula recupera o patriotismo no campo progressista. A apropriação dos símbolos nacionais — bandeira, camisa da Seleção, cores da pátria — foi central na ascensão política de Bolsonaro. Lula agora tenta ressignificar esses valores associando-os à democracia e sus instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF).

A crítica duríssima à “excrescência política” de parlamentares que pedem ao governo Trump para taxar o Brasil é, além de contundente, eficaz do ponto de vista eleitoral. A bandada do PL atuava como vanguarda da direita no Congresso com muita desenvoltura, porém, agora caiu no isolamento, por causa da atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que atua nos Estados Unidos com objetivo de criar uma crise diplomática e comercial capaz de colapsar a economia brasileira.

A sociedade é reativa à subordinação externa e à instabilidade institucional. O apoio direto de Trump ao pedido de anistia para Bolsonaro fortalece a tese de Lula de que há interferência estrangeira contra o STF e contra a soberania nacional e que o povo precisa reagir a isso. No campo interno, a crise diplomática e comercial serviu para a legenda recuperar a sua narrativa do rechaço, cuja centralidade é questionável devido ao fato de a legenda está no governo.

Pesquisas

Entretanto, o PT precisa de renovação programática. O novo presidente da sigla, Edinho Silva, foi enfático sobre isso ao afirmar que a sucessão não será apenas de nomes, mas de projeto. Lula ainda lidera com folga as pesquisas eleitorais — 39% contra 33% de Bolsonaro —, mas tudo pode mudar se não concorrer à reeleição por razões de saúde. Os cenários sem sua presença mostram um PT enfraquecido e vulnerável diante de nomes, como os do governador de São paulo, Tarcísio Freitas (PR-SP), e da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. O PT entará na eleição enfraquecido na disputa de cadeiras para o Congresso, ao Senado.

A crise com Trump, até agora, atrapalha mais do que ajuda a oposição. Ao defenderem a anistia a Bolsonaro — rejeitada por 61% da população, segundo o Datafolha —, governadores como Tarcísio, Zema e Caiado enfrentam desgaste. A vinculação explícita de Bolsonaro com Trump e a consequente retaliação comercial aos interesses brasileiros expuseram a incoerência das forças que se colocaram contra o país.

Bolsonaro, por sua vez, mantém certa capacidade de mobilização, mas está encurralado. A proposta de anistia aos golpistas do 8 de janeiro de 2023 perdeu apoio interno, ironicamente, ao ser apoiada por Trump. O próprio Tarcísio, em aparente ambivalência, evita confronto direto e aposta em um discurso de responsabilidade fiscal e reforma administrativa para se projetar como “gestor viável” no pós-Bolsonaro.

No Congresso realizado ontem, Lula e o PT conjugaram resistência democrática, nacionalismo e projeto eleitoral, enquanto a oposição liberal-conservadora vive o paradoxo de apoiar um líder desgastado pelo tarifaço. Estão em jogo propostas antagônicas de país: democracia ou regressão autoritária, soberania ou submissão.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Ed Alves /CB/DA.Press

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