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Leucemia: fatores de risco ainda são desconhecidos, diz médico a Kalil

A prevenção da leucemia, câncer que atinge as células sanguíneas, ainda é um desafio,...

A prevenção da leucemia, câncer que atinge as células sanguíneas, ainda é um desafio, pois os fatores de risco para o desenvolvimento da doença são pouco conhecidos, de acordo com Eduardo Rego, coordenador do Serviço de Leucemias Agudas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).

O especialista é um dos convidados do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista“, ao lado do onco-hematologista Gabriele Zamperlini Netto, do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci). Ambos são entrevistados pelo Dr. Roberto Kalil no programa deste sábado (31).

“Nós não conhecemos os fatores de risco. Existem fatores clássicos de observação, como exposição à radiação, exposição aos derivados do petróleo, em particular o benzeno. Mas, na maioria das vezes, a gente não consegue identificar um fator único, são casos esporádicos mesmo”, afirma Eduardo.

No caso da leucemia em crianças, a situação não é diferente. “Uma particularidade do grupo pediátrico é que de 10 a 15% dos casos nós temos, sim, fatores genéticos associados. O exemplo mais comum são as crianças com trissomia do 21, ou Síndrome de Down”, afirma Netto.

“A gente sabe que são pacientes com risco maior de desenvolver leucemia. Mas tirando esse grupo que teria uma predisposição genética, a imensa maioria dos casos a gente não tem uma causa”, completa.

O que é leucemia e quais são os tipos existentes?

A leucemia é um câncer que atinge as células sanguíneas, principalmente os glóbulos brancos. Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula cancerosa, que não funciona de forma adequada.

Existem quatro tipos de leucemias:

  • Leucemia Linfoide Aguda: mais comum em crianças e apresenta rápido desenvolvimento;
  • Leucemia Linfoide Crônica: afeta, principalmente, indivíduos adultos, geralmente a partir dos 50 anos. Tem crescimento mais lento;
  • Leucemia Mieloide Aguda: é o tipo mais comum de leucemia em adultos e tem desenvolvimento muito rápido;
  • Leucemia Mieloide Crônica: é caracterizada por uma produção excessiva de glóbulos brancos e por ter uma evolução lenta, e é mais comum em idosos.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam que o Brasil terá 11 mil novos casos da doença em 2025. No público pediátrico, esse é o tipo de câncer mais comum. “O pico da incidência na infância ocorre ao redor dos quatro anos. Nos dois maiores grupos pediátricos — do nascimento até os 14 anos e dos 15 aos 19 — é a doença mais comum até os 14, depois tem um certo declínio de prevalência”, explica o onco-hematologista.

Já entre os adultos, a leucemia costuma ser mais comum com o avanço da idade. De acordo com Eduardo, as leucemias crônicas costumam aparecer depois dos 60 anos, apesar de poderem ocorrer em qualquer idade.

As leucemias crônicas costumam ser sintomáticas, segundo o especialista. Por isso, é importante que ela seja detectada em exames de rotina. Já a leucemia aguda é mais fácil de ser diagnosticada porque causa sintomas de forma rápida e acentuada.

“É um cansaço muito importante, geralmente acompanhado de manchas roxas, ou de outras manifestações de sangramento, ou até aumento nos gânglios”, explica Eduardo. Também pode aparecer febre persistente e sem origem clara. No caso das crianças, Netto destaca também as dores ósseas como sinais importantes.

No entanto, os especialistas alertam para a necessidade de os médicos estarem atentos aos sinais de alerta. “Um hemograma é um exame simples, barato, em que o médico generalista deve estar atento a essa hipótese das leucemias. Infelizmente, a gente ainda recebe casos que demoram muito a ser diagnosticados e isso tem um impacto no resultado do tratamento”, afirma Eduardo.

Opções de tratamento têm evoluído

Na conversa, os especialistas também falam sobre a evolução no tratamento da leucemia. A depender do caso, o transplante de medula óssea não é uma necessidade. “É interessante a gente observar que na leucemia linfoide crônica, 1/3 dos pacientes não necessitará de tratamento”, afirma Eduardo.

No caso das crianças, geralmente, a quimioterapia é suficiente para controlar a doença e, possivelmente, levar à cura.

“Talvez nós possamos dizer que a leucemia linfoide aguda é um dos grandes tratamentos de sucesso na oncologia moderna” afirma Netto. “Mais de 90% das crianças com leucemia linfoide aguda vão ser curadas só com quimioterapia. Para as leucemias mieloides, a gente também se apoia muito em quimioterapia, mas, talvez, as taxas de cura sejam inferiores, assim como um contingente maior venha a precisar de transplante de medula”, explica.

As medicações existentes atualmente também representam um avanço no tratamento da leucemia. “Nós estamos agora vivendo a tradução de anos de estudo da parte genética e da fisiologia celular. Com isso, estamos conseguindo desenhar drogas para corrigir ou eliminar as células que sejam portadoras dessas anomalias genéticas”, finaliza Eduardo.

Por Revista Plano B

Fonte CNN Brasil

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