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Julgamento de Bolsonaro no STF: o que cabe em 70 terabytes?

O volume de dados anexados e o tempo concedido para a análise pela...

O volume de dados anexados e o tempo concedido para a análise pela defesa é um dos pontos discutidos durante o julgamento do núcleo principal da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo reúne cerca de 70 terabytes (TB) de arquivos digitais. O material inclui, entre outros documentos, mensagens, áudios, laudos periciais, planilhas e manuscritos.

Durante a apresentação do voto nesta quarta-feira (10/9), o ministro Luiz Fux descreveu como um “tsunami de dados” o volume de provas apresentadas e confessou que teve dificuldade de analisar o material.

Fux criticou a desorganização do material apresentado pela Polícia Federal, que teria disponibilizado os documentos apenas em meados de maio — menos de 20 dias antes do início da oitiva das testemunhas — por meio de links armazenados em um servidor SharePoint.

A dificuldade no acesso às provas também foi argumento recorrente nas sustentações orais feitas pelos advogados de defesa na semana passada. Para eles, a complexidade e o volume do conteúdo inviabilizaram o pleno exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório.

O que corresponde 70 terabytes (TB)?

Especialistas ouvidos pelo Correio explicam que 1 TB equivale a 1.000 gigabytes. Para dimensionar esse quantitativo, o professor coordenador dos cursos de Tecnologia da Informação da Estácio Floriano Neto afirma que esse volume ocuparia o espaço de aproximadamente 546 smartphones de 128gb cada ou mil pen drives convencionais de 1 GB, segundo.

Ainda de acordo com o docente, o volume seria suficiente para armazenar cerca de 460 milhões de livros digitais com tamanho médio de 0,15mb. Em imagens em alta resolução, o número chega a cerca de 2,8 bilhões de fotos.

Segundo líder em tecnologia da informação Franklin Melo 70 terabytes seria possível armazenar:

  • 22 milhões de cópias da versão textual com cerca de 3,5 milhões de caracteres da Bíblia ;
  • 246 milhões de cópias do poema A Odisseia, de Homero, que tem 12 mil versos e cerca de 320 páginas;
  • O documentário mais longo do mundo, Logistics, com 857 horas de duração, caberia cerca de 18 mil vezes no espaço disponível;
  • A música Faroeste Caboclo, da Legião Urbana, com 10 minutos e 721kb, poderia ser armazenada cerca de 104 bilhões de vezes.

Melo também estima que, para ler todo esse conteúdo, uma única pessoa levaria cerca de 420 milhões de horas, o que equivaleria a 48 mil anos de leitura. Para que todo o material fosse lido em um ano, o especialista afirma que seria necessária uma equipe de aproximadamente 400 pessoas.

Apesar da vastidão do material, Floriano Neto pondera que, com o uso de ferramentas modernas, a análise se torna viável. “Hoje, com o apoio da inteligência artificial, é possível processar esse tipo de dado com rapidez. Seja texto, áudio ou vídeo, não há mais uma barreira tecnológica para organizar e interpretar esse conteúdo”, afirma.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense

Foto: Federica Galli/Unsplash

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