Indígenas dos nove países da Bacia Amazônica — Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela — encerram, nesta quinta-feira (5/6), a Pré-COP Indígena. O evento que ocorre em Brasília marca importante momento da diplomacia indígena no caminho para o protagonismo na COP30, em Belém (PA).
Esta é a primeira vez que uma Conferência das Partes (COP) ocorre no meio da Amazônia. Com a aproximação da cúpula internacional, organizações se articulam para a maior representação indígena da história da Cúpula. A mobilização acontece não só a nível nacional, mas com diversos países, em especial os integrantes do G9 da Amazônia Indígena.
O evento, organizado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), consolida a união do G9 da Amazônia Indígena . “A gente vê que uma das questões comuns a todos nós é ter a terra demarcada e reconhecida e respeito aos direitos”, destaca o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri.
A delegada do Ministério do Meio Ambiente da Colômbia, Maria Violet Medina Quiscue, destacou importância da parceria entre Brasil e Colômbia para ampla mobilização indígena nos dois países. “O conhecimento ancestral indígena é fundamental para o governo dos dois países e para o mundo”, pontua.
Carta
O encerramento contou com a entrega da Declaração política dos povos indígenas da Bacia amazônica e de todos os biomas do Brasil para a COP30 para as autoridades.
A carta lista seis pontos-chave das comunidades indígenas para as autoridades internacionais: reconhecimento e proteção de todos os territórios indígenas (em especial dos territórios com a presença dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato) como política e ação climática; financiamento direto e autonomia financeira; proteção dos defensores e das defensoras indígenas; inclusão de sistemas de conhecimento Indígena; zonas livres de exploração em territórios indígenas.
“Os estados acham que o financiamento direto é jogar recurso dentro dos órgãos, mas acreditamos que o financiamento deve ser destinado diretamente às organizações indígenas para os territórios”, pontua Toya Manchineri. Os representantes destacam que essa medida é essencial para garantir a autonomia financeira para defesa do bioma amazônico.
Maior representação da história
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, esteve presente na mesa de encerramento e reforçou a missão de superar a COP28 de Dubai em número de representantes indígenas. Na ocasião, em 2023, 300 indígenas estiveram nos Emirados Árabes Unidos, 100 deles brasileiros. A meta neste ano é alcançar uma delegação de mil representantes brasileiros.
Um dos pontos principais, segundo a ministra, é a formação dos representantes indígenas para participar de forma ativa e qualificada das discussões da COP. A ministra do MPI também destacou o diálogo da pasta com os outros ministérios, como o das Relações Exteriores, que coordena as relações diplomáticas.
“A nossa pauta indígena é transversal”, destaca. “E se falando de clima não há como dissociar, está muito conectada com a pauta ambiental, a demarcação das terras, a biodiversidade e a sustentabilidade”.
Além das representações nacionais, o evento contou com participação de líderes dos países do G9, Reino Unido, Canadá e Noruega. A carta deve ser entregue ainda ao presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Gabriella Braz/CB