Os brasileiros não estão brincando quando dizem que a saída da crise é uma aproximação com países que possam representar grandes mercados — e, nesse caminho, o principal é a Índia. Mal os empresários da missão do Líderes Empresariais (Lide) começaram a preparar as malas para voltar ao Brasil, com a perspectiva de negócios e parceiras no curto prazo, os diplomatas começaram a trabalhar na elaboração de agendas para ministros de Estado que têm planos de visitar o país asiático ainda este ano.
São pelo menos quatro ministros, conforme integrantes do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores. Entre eles, está o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que vai em busca de novos mercados, devido ao tarifaço decretado pelo presidente Donald Trump a parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Alckmin deve desembarcar na Índia em setembro. Além dele, têm previsão de visita oficial ao país a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro; o ministro da Saúde, Alexandre Padilha; e o assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim. As viagens vêm na sequência da visita do primeiro-ministro Narendra Modi ao Brasil, em julho, e a conversa telefônica entre ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quinta-feira, em que trataram de ações que possam auxiliar os exportadores diante do aumento das tarifas nos Estados Unidos.
Os dois governos dizem que a aproximação não representa um movimento contra os EUA, mas sim uma forma de promover a economia e o desenvolvimento das duas nações. Durante o seminário do Lide, instituição fundada pelo ex-governador de São Paulo João Doria, vários setores mostraram-se interessados em parcerias com o Brasil, incluindo as áreas dos ministros que desembarcam na Índia nos próximos meses. Na área de defesa, por exemplo, há uma licitação em curso para que a Embraer possa fornecer aviões à Força Aérea indiana. No caso de Marina Silva, a ideia é tratar da transição energética e energia limpa e preservação ambiental, temas caros para os dois países.
O PIB indiano foi o que mais cresceu no ano passado, superando o da China e o de Singapura. E, sob o ponto de vista dos empresários que participaram do evento do Lide, em Mumbai, nos últimos três dias, a quantidade de construções na capital financeira indiana é prova desse crescimento.
Das conversas dos últimos dias, saíram várias perspectivas de negócios. O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, por exemplo, deseja levar para seu estado os investimentos da Fomento no setor mineral. A empresa indiana atua no Rio Grande do Norte e deseja ampliar investimentos no Brasil.
Mercado dinâmico e promissor
O mercado da Índia é um dos mais dinâmicos e promissores do mundo, com um crescimento consistente do Produto Interno Bruto (PIB) e uma população jovem e em expansão. A economia é diversificada, combinando uma agricultura tradicional com setores industriais e de serviços em rápida evolução. Os principais setores da economia do país asiático são:
» Serviços e Tecnologia — Setor que mais contribui para o PIB indiano. A Índia é um polo global de tecnologia da informação (TI), software e serviços de TI. A cidade de Bangalore, por exemplo, é conhecida como o “Vale do Silício” indiano. O setor de serviços financeiros e as fintechs também estão em forte crescimento.
» Agricultura — Apesar de ter uma participação menor no PIB do que o setor de serviços, a agricultura ainda emprega uma grande parcela da força de trabalho indiana. Os principais produtos cultivados incluem arroz, trigo, cana-de açúcar, chá e algodão.
» Indústria — O setor industrial tem crescido e se diversificado. As indústrias farmacêutica, automobilística, têxtil, de maquinário e de equipamentos de transporte são as mais proeminentes. A iniciativa governamental Make in India busca impulsionar a manufatura e atrair investimentos estrangeiros. A indústria cinematográfica, conhecida como Bollywood, também é um segmento cultural e econômico de destaque.
» Defesa — Potência nuclear, as forças armadas indianas são uma das mais bem preparadas e equipadas do mundo. O setor de defesa envolve empresas estatais e privadas. As mais importantes são a Hindustan Aeronautics Limited (uma das maiores empresas aeroespaciais da Ásia, fabricante de aeronaves como o caça Tejas), a Bharat Electronics (produtora de radares e sistemas de comunicação), a Defence Research and Development Organisation (agência governamental de fomento a tecnologias de defesa e que está à frente de projetos como os mísseis Akash e BrahMos), o Kalyani Group (desenvolvedor de sistemas de artilharia, blindados e munições) e a Mahindra Defence Systems (assinou recentemente um memorando de entendimento com a Embraer para produzir o avião de transporte militar C-390 Millennium na Índia). (Colaborou Fabio Grecchi)
A jornalista viajou a convite do Grupo Lide
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Ricardo Stuckert/PR