O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou, nesta quarta-feira (27/8), que houve falha na articulação política do governo durante a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS. Segundo ele, a ausência de parlamentares governistas abriu espaço para que a oposição assumisse o controle da comissão.
“O que aconteceu na CPMI foi uma posição estratégica dos partidos de oposição com os de centro. E a articulação do governo, na minha opinião, falhou por não ter acompanhado que alguns parlamentares da base aliada não estariam presentes no momento da sessão. Quando houve a falta desses parlamentares, eles foram substituídos por outros parlamentares que estão no mesmo bloco partidário”, disse Motta durante o debate “Os Caminhos e Desafios da Reforma Administrativa”, no evento Agenda Brasil: destravando o desenvolvimento, em Brasília.
Ele explicou que essa brecha possibilitou que siglas de oposição, também integrantes do chamado “blocão”, substituíssem nomes e garantissem a maioria necessária para emplacar a presidência e a relatoria da comissão.
A derrota foi considerada dura para o governo Lula. O senador Omar Aziz (PSD-AM), que era o único indicado à presidência da CPMI, acabou preterido e deu lugar ao senador Carlos Viana (Podemos-MG). Para suavizar o impacto, o deputado Duarte Jr. (PSD-MA), aliado do Planalto, foi escolhido como vice-presidente do grupo.
Ainda assim, o episódio provocou uma crise. Ontem (26), a federação PT, PCdoB e PV anunciou a saída formal do bloco liderado por Hugo Motta. A decisão, publicada no Diário Oficial da Câmara, expôs as fissuras no grupo, formado em fevereiro para a eleição da Mesa Diretora e que chegou a reunir 475 dos 513 deputados.
Imposto de Renda
Motta também comentou a tramitação do projeto que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda. Para o deputado, a tendência é de manutenção do texto aprovado na comissão.
“O texto deve ser mantido no plenário. Nós vamos sim enfrentar destaques. Sempre em um momento como este, pré-eleitoral, as iniciativas para aumentar a ‘bondade do pacote’ com certeza nós deveremos enfrentar, mas eu penso que a Câmara será muito responsável para que possamos conceder esta isenção para quem recebe até R$ 5 mil e parcial para quem ganha até R$ 7,5 mil. E eu espero que ao final possamos ter a neutralidade mantida e a proposta aprovada com a Câmara colaborando para fazer justiça social”, afirmou.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Júlio Dutra/Republicanos