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Hospital da Criança de Brasília mantém a continuidade dos estudos na rotina de crianças internadas

Para as crianças que enfrentam longos períodos de internação, há um desafio de...

Para as crianças que enfrentam longos períodos de internação, há um desafio de manter a rotina escolar. No Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), o esforço é grande para garantir que a doença não signifique a perda da educação escolar, mesmo que o atendimento traga limitações. Esse trabalho de levar o ensino escolar para dentro do ambiente hospitalar é amparado por uma portaria entre as Secretarias de Educação e de Saúde do DF, que garante a atuação de professores da rede pública no hospital. 

Atualmente, o Hospital da Criança de Brasília conta com duas professoras cedidas pela Secretaria de Educação; elas atendem crianças em tratamento oncológico matriculadas na rede pública do Distrito Federal nos primeiros anos, contemplando a educação infantil e o ensino fundamental, do 1° ao 5° ano. Amanda Cruz é uma dessas professoras e explica a abordagem inicial que fazem com os pacientes: “Fazemos as visitas nos leitos, pegamos as informações da escola, os dados do estudante, o nome, a série e a turma, e o contato da escola também. Depois, entramos em contato com a instituição de ensino e solicitamos que encaminhem as atividades e os conteúdos que a criança está aprendendo naquele período”.

Com esse envio, as professoras garantem que as crianças não percam a continuidade pedagógica. As atividades são impressas e realizadas no leito ou, quando a condição clínica e as precauções de contato permitem, em uma sala separada, permitindo a realização das atividades em pequenos grupos. “Depois, na alta hospitalar do aluno, devolvemos as atividades para a família e encaminhamos o relatório para a escola, dizendo quais foram as habilidades e os conteúdos que a criança aprendeu, o que ela deu conta e o que não deu”, conta a professora. 

A psicopedagoga do HCB Patrícia Lamounier reforça que o foco principal são os pacientes da oncologia devido ao longo tempo de afastamento escolar. “Hoje, é o maior número de pacientes que nós temos que são afastados da escola; eles estão em tratamento e não podem ir para a escola presencialmente. Para quem não está matriculado ou é de outro estado, nós tentamos fazer apenas um acompanhamento, vemos a faixa etária da criança e observamos as habilidades que ela tem. Não alfabetizamos, mas tentamos apresentar aquilo que contempla o Currículo em Movimento”, afirma. 

Para as famílias, esse suporte pedagógico é um divisor de águas. Lorrany da Silva, mãe de Luna Alves, de 5 anos, observa que isso transforma a percepção da filha sobre o hospital. “Acho muito bom esse suporte para as crianças que estudam e não têm como comparecer à escola, é um desenvolvimento importante. A Luna gosta tanto que, às vezes, ela fica no quarto esperando e pergunta: ‘A professora não vem me visitar?’. Eu explico os dias certos, mas ela sente falta. As aulas distraem a mente da criança, elas ficam menos entediadas”, diz Lorrany. 

Além de manter o aprendizado em dia, o acompanhamento escolar evita o sentimento de exclusão quando o paciente retorna à sua rotina fora do hospital. Denise Silva, mãe de Stephanny Silva, de 10 anos, relata que o serviço impede que a filha se sinta “perdida” ao voltar para a escola. “Só de ter ensino, já é uma alegria. As professoras vêm no quarto, tiram dúvidas e ajudam a Stephanny. Antes, quando ela voltava para a escola, ficava perdida e perdia muita matéria. Eu e o pai dela não tínhamos tempo para ensinar tudo. Agora, como ela é acompanhada pedagogicamente aqui no Hospital, quando sai ela consegue acompanhar o que está aprendendo na sala de aula”, afirma Denise.

Stephanny já faz planos para o futuro e vê nas aulas um caminho para seus sonhos: “Minha matéria favorita é português, mas também gosto de ciências, de estudar o corpo humano. Quando crescer, quero ser médica de crianças e delegada”. 

Quando há casos da escola não enviar o material ou de pacientes não estarem matriculados na rede pública do DF, as professoras utilizam um banco próprio de atividades e consultam o Currículo em Movimento, um documento da Secretaria de Educação com conteúdos pedagógicos que as crianças, de acordo com o ano escolar de cada uma, estariam aprendendo. O atendimento no HCB inclui também a Educação Especial, adaptando as atividades conforme as necessidades específicas da criança. 

A equipe pedagógica reforça a importância do trabalho para que as crianças não percam a ligação com a escola, um pilar fundamental em suas vidas.

* Com informações do Hospital da Criança de Brasília

Por Revista Plano B
Fonte Agência Brasília
Foto: Ana Carolina Magela

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