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Haddad: Trump ataca o Brasil para reabilitar a extrema-direita

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, ontem, que o tarifaço de 50% às...

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, ontem, que o tarifaço de 50% às exportações brasileiras para os Estados Unidos tem o objetivo de “reabilitar a extrema-direita no Brasil”. Conforme salientou, a prova de que o governo do presidente Donald Trump pretende fazer com que os radicais tenham condições de voltar ao poder é o relatório da Polícia Federal (PF), divulgado na quarta-feira, no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) são responsabilizados por uma ação conjunta visando dificultar as negociações para a suspensão das sanções.

“Vimos aí, pelas mensagens trocadas, que o único objetivo é livrar a cara dos golpistas e não tem nenhuma outra finalidade, essa hostilidade, que não seja reabilitar a extrema-direita no Brasil. O Brasil não pode servir de quintal de ninguém. Nós sabemos disso. Temos tamanho, densidade, importância para manter e garantir nossa soberania”, frisou, na participação por vídeo que fez no encontro do PT para debater a conjuntura política nacional e internacional, em Brasília.

Haddad também elogiou o vice-presidente Geraldo Alckmin — que acumula o comando do Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (Mdic) — nas negociações com os norte-americanos. “É assim que tem que ser. Sem bravata, mas fazendo valer a dignidade e a sobriedade da nossa gente”, enfatizou o ministro, referindo-se ao estilo comedido de Alckmin.

Depois da participação no evento do PT, Haddad concedeu entrevista à TV GGN na qual salientou que os EUA atravessam um momento singular, com possibilidade de Trump impor retrocessos ambientais, democráticos, políticos e geopolíticos — citou como exemplo o recente cancelamento de US$ 19 bilhões em investimentos em transição energética pelo governo norte-americano. O ministro também relembrou o histórico de ingerência dos EUA na América do Sul, incluindo a participação em ditaduras na região ao longo do século 20, ressaltando que essas ações reforçam a complexidade das relações internacionais no contexto atual.

Por sua vez, Alckmin crê na superação da crise comercial entre Brasil e EUA. “Vai passar. Na década de 1980, era 24% a nossa exportação para os EUA, praticamente um quarto das exportações brasileiras. Hoje, é 12%. E o que está afetado é 3,3%. Isso é o que está afetado no tarifaço”, disse, também no encontro do PT. E acrescentou: “Não vamos desistir de baixar essa alíquota e tirar mais produtos”.

Novos horizontes

Alckmin também comentou as movimentações do governo federal para explorar novos mercados. Ele citou como exemplos a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia, que pode ocorrer até o fim do ano, além de outras tratativas, como o acordo do Mercosul com o EFTA (bloco formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), Singapura e Emirados Árabes Unidos.

Para o vice-presidente, as medidas do governo incluídas no Plano Brasil Soberano — como linhas de crédito e suspensão de tributos incidentes sobre insumos importados — terão força suficiente para reduzir os impactos sobre os exportadores brasileiros impactados pelo tarifaço. Alckmin ainda considera que a reclamação aberta pelo governo brasileiro na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas norte-americanas surtirá efeito.

Em adição às tratativas levadas adiante por Alckmin e Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem feito esforços junto ao Brics para que os países do bloco se unam num movimento de pressão contra os EUA a fim de derrubar o tarifaço. O Brasil também tenta uma aproximação ainda maior com a Índia, também punida com uma taxação de 50% nas exportações para os norte-americanos por comprar petróleo russo.

No encontro do PT, além do debate sobre a taxação imposta pelo governo Trump, o presidente do partido, Edinho Silva, anunciou que o partido vai às ruas no Sete de Setembro para reforçar o discurso em favor da soberania. Trata-se, também, de uma reação às manifestações que estão sendo programadas pelos bolsonaristas em favor do ex-presidente e contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. À frente da convocação da extrema-direita, está o pastor Silas Malafaia — detido na quarta-feira passada pela PF ao desembarcar, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa.

“O Brasil está sendo penalizado injustamente. As tarifas sempre foram utilizadas para equilibrar relações comerciais, mas estão sendo usadas pelo governo Trump de forma autoritária, sem nenhum fundamento e com viés político. Um viés político que tem por objetivo impedir a apuração de crimes graves. Primeiro, uma tentativa de golpe. Se o povo brasileiro banalizar o que aconteceu em 8 de janeiro de 2023, nós vamos abrir precedente histórico gravíssimo. Toda vez que alguém perder eleição vai se sentir no direito de organizar um golpe para que o resultado da eleição não seja cumprido. Isso é grave,” advertiu.

Exatamente por causa dessa preocupação é que, segundo Edinho, as principais ações do PT para os próximos meses e, sobretudo às eleições de 2026, girarão em torno da defesa da democracia e da reeleição de Lula. “As eleições de 2026 formam o eixo central. A nossa prioridade é batalhar pela reeleição de Lula”, enfatizou.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Reprodução/TVPT

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