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Governo busca contenção de danos na CPMI do INSS

Depois da inesperada derrota na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que vai investigar as...

Depois da inesperada derrota na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que vai investigar as fraudes contra os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na quarta-feira, o governo tenta dar a volta por cima e equilibrar queda de braço com a oposição. Uma das estratégicas para empatar o jogo passa pela articulação para emplacar o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) na vice-presidência do colegiado. O cargo tem pouca expressividade, mas poderá ser útil em caso de ausência do presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG).

Duarte Jr. tem perfil moderado e é conhecido por, entre outras coisas, ter presidido o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) no Maranhão e pela luta em defesa das pessoas com deficiência. Ao Correio, o parlamentar disse que não é sua prioridade pleitear uma vaga na comissão, mas adiantou que recebeu apoio do governo e, também, de integrantes de oposição — como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Para Duarte Jr., a prioridade deve ser resolver, de uma vez por todas, o problema dos descontos no INSS. “São históricos e a gente tem a oportunidade de regular melhor esses serviços, os repasses e, também, o serviço bancário. Porque os bancos, com autorização expressa do BC (Banco Central), descontam valores das contas de milhares de consumidores sem anuência, sem ciência e fazem isso por convênio com algumas prestadoras de serviço. Acredito que a CPMI tem uma oportunidade fantástica de avançar nisso”, observou.

Sem circo

O parlamentar salientou a preocupação, também, com o uso da comissão pela oposição para fazer o que chamou de um “circo” político e midiático. Citou, como exemplo, a reação dos parlamentares da oposição depois do anúncio do resultado da eleição para a presidência da CPMI, na quarta-feira. Quando o saiu o placar da votação, deputados e senadores se levantaram no meio do plenário da comissão, cantaram, gravaram vídeos e se confraternizaram. “A roubalheira do PT está acabando”, exultou um grupo de parlamentares, enquanto a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que presidia a sessão, pedia silêncio.

“Aquela comemoração prejudica a seriedade da investigação. Tem gente morrendo, deprimida. Tem idoso doente, sem condição de comprar medicamentos. Minha missão é humanizar essa investigação”, disse Duarte Jr., que se manifestou contrariamente à convocação de nomes para depor na CPMI com base apenas em “ideologia” — referia-se ao requerimento de convocação de Jair Bolsonaro, protocolado por deputados do PT no mesmo dia em que a comissão foi instalada. “Se a gente deixar que a ideologia siga a busca pela justiça, vai virar um circo. E eu não quero participar de algo nesse sentido”, afirmou.

A comissão é uma aposta dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso para desgastar a imagem do governo Lula às vésperas do julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de chefiar um grupo que tentou dar um golpe de Estado depois das eleições de 2022.

Erro grave

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse ontem que apesar de a equipe de articulação política ter cometido um “erro grave”, não significa o “fim do mundo”. “Acho que faltou articulação do governo. Nós engolimos mosca. Também não é o fim do mundo”, disse, no fim da manhã, depois da reunião de líderes. O parlamentar amenizou os efeitos da derrota. “A oposição vai terminar dando um tiro no pé”, previu.

Guimarães comparou a atual situação com outras comissões das quais participou. Lembrou que, em experiências anteriores, como na CPMI do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e na do 8 de Janeiro, o governo atuava de forma constante, acompanhando os trabalhos “24 horas por dia”. Para ele, esse nível de mobilização será necessário também no caso da CPMI do INSS.

Na quarta-feira, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), já havia feito um discurso semelhante. Tomou para si a responsabilidade da falha da articulação, mas comparou a derrota a uma partida em um campeonato. “Da nossa parte, acho que subestimamos a capacidade de articulação da oposição, mas todo bom time tem uma derrota no campeonato. Nós perdemos uma partida em um campeonato em que estávamos vindo de vitórias”, disse. 

O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) junto com os deputados Alencar Santana (PT-MG) e Paulo Pimenta (PT-RS), com base em uma declaração de maio do senador Izalci Lucas (PL-DF), que é um dos titulares da comissão. Ao Correio, o parlamentar disse ter confiança de que o pedido será aprovado, já que, segundo ele, há maioria governista na Comissão. “Ele terá que depor preso”, provocou Correia.

A CPMI começa os trabalhos na próxima terça-feira, quando os integrantes do colegiado votam os primeiros requerimentos. Nesta fase inicial, os parlamentares devem solicitar apoio de servidores de órgãos como a Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal (PF) e do INSS para ajudar nas investigações. A expectativa é de que o plano de trabalho seja votado na próxima quinta-feira. A ideia do presidente Carlos Viana é começar as convocações pelos ministros da Previdência Social desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Queremos entender esse mecanismo e todas as falhas dele, independentemente do momento. Então, desde o governo Dilma ouviremos todos os ministros da Previdência Social. Também desde o governo Dilma estaremos convidando e, se for necessário convocando, todos os presidentes e ex-presidentes do INSS. Queremos ouvi-los para entender o que foi feito, como começou e, naturalmente, as responsabilidades de cada um”, disse Viana.

Até a noite de ontem, a CPMI já havia recebido 586 requerimentos, entre convocações, convites, pedidos de informação e quebras de sigilo.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto:  Ed Alves CB/DA Press

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