O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou, nesta terça-feira (17/6), uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e o ex-ministro Walter Braga Netto. Ambos são réus na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado. A sessão foi agendada para a próxima terça-feira (24/6), às 10h.
Moraes atendeu um pedido da defesa do ex-ministro de Bolsonaro. Nesse procedimento, duas ou mais pessoas são colocadas frente a frente para possíveis contradições em seus depoimentos. Os advogados de Braga Netto contesta as declarações e alega que o ex-aliado, como delator no inquérito, não apresentou provas de acusações feitas contra o general.
Na decisão, Moraes ressaltou que Braga Netto e Mauro Cid não têm o compromisso de dizer a verdade na acareação, por serem réus. Segundo a Constituição, eles têm o direito de não produzir provas contra si.
“Ressaltando, novamente, a advertência de que o réu não tem o compromisso de dizer a verdade na acareação, em prol da ampla defesa, deve ser autorizada a realização da acareação entre o réu Walter Souza Braga Netto e o réu colaborador Mauro César Barbosa Cid”, escreveu o magistrado.
Segundo Mauro Cid, o ex-presidente Jair Bolsonaro estava focado em encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para provocar o caos social e convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano para reverter o resultado das eleições de 2022 — em que sua chapa com o general Walter Braga Netto, também réu na ação penal, saiu derrotada.
Na semana passada, o general Walter Braga Netto foi o último do núcleo 1 da denúncia da PGR a ser interrogado. O ex-ministro de Bolsonaro participou por meio de videoconferência, pois está preso por suspeita de tentar atrapalhar as investigações. Ele rechaçou a delação de Mauro Cid e negou ter transportado dinheiro em sacolas de vinhos para financiar o plano golpista.
“O Cid veio atrás de mim perguntando se o PL poderia arrumar o dinheiro. Era muito comum o presidente Jair Bolsonaro, ou o Valdemar, ou outro, pedirem para pagar contas de campanha atrasadas. Eu virei para ele e disse: procura o tesoureiro. Eu não tinha contato com empresários, então não dei dinheiro para o Cid”, declarou.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Marcos Correa/PR Ed Alves/CB/DA.Press