O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, rebateu as críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à atuação da Corte brasileira e ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em pronunciamento nas redes sociais na noite de quinta-feira (10/7), ele classificou o cenário vivido pela democracia brasileira como “sem precedentes” e defendeu a atuação do Judiciário como resposta proporcional a ataques golpistas e campanhas de desinformação.
“O que nenhuma outra democracia contemporânea enfrentou: uma tentativa de golpe de Estado em plena luz do dia, orquestrada e planejada por grupos extremistas que se valeram indevidamente da imunidade irrestrita das redes sociais”, afirmou o ministro, ao rechaçar insinuações de censura ou abuso de poder judicial.
A declaração ocorre em meio à escalada retórica de Trump, que anunciou na quarta-feira (9) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto. O ex-presidente norte-americano justificou a medida com ataques diretos ao STF, acusando a Corte de emitir “ordens de censura secretas e ilegais” contra empresas de tecnologia dos EUA e de perseguir injustamente Bolsonaro.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), publicada na plataforma Truth Social, Trump chamou os processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro de “uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente” e afirmou que a relação comercial entre os dois países é “desequilibrada e injusta”.
Defesa institucional
Sem citar nominalmente o líder norte-americano, Gilmar Mendes advertiu sobre o ineditismo dos ataques enfrentados pela Justiça brasileira e o esforço coordenado de setores extremistas para deslegitimar o funcionamento das instituições.
“Nenhuma outra Suprema Corte no mundo sofreu ataques tão virulentos à honra de seus magistrados, incluindo planos de assassinato arquitetados por facções de grupos eleitorais derrotados”, pontuou.
O magistrado também responsabilizou as plataformas digitais por favorecerem a desinformação no debate público e sabotarem a discussão legislativa sobre a modernização do marco regulatório da internet.
“Essas singularidades definem o momento histórico da democracia combativa brasileira: quando a defesa irredutível de preceitos constitucionais se transforma em imperativo civilizatório diante de forças que ameaçam não apenas as instituições nacionais, mas o próprio conceito de Estado de Direito no século XXI.”
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Antonio Cruz/ Agência Bras