Depois de dois dias de tensão no Congresso Nacional, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentaram, nesta quinta-feira (7/8), o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O pedido foi viabilizado após um esforço concentrado da oposição, que conseguiu reunir as 41 assinaturas necessárias — número equivalente à maioria absoluta dos senadores.
A entrega formal do documento levou os parlamentares da oposição a anunciar o fim da ocupação da Mesa Diretora do Senado e da obstrução das sessões, iniciada no início da semana como forma de protesto. Agora, o foco se volta para o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), a quem cabe decidir se aceita ou arquiva a proposta.
Se Alcolumbre acatar o pedido, o afastamento de Moraes dependerá de 54 votos favoráveis em plenário — dois terços do total de 81 senadores.
Em coletiva realizada nesta manhã, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou o episódio como um “momento histórico” e afirmou que o Supremo precisa “voltar a ter limites”.
“Nunca na nossa história tantos senadores se manifestaram publicamente no sentido de fazer do impedimento de um ministro.(…) Ninguém aguenta mais tanta briga e tanta confusão”, disse Flávio.
Em tom emotivo, ele também relatou uma visita ao pai, Jair Bolsonaro, na prisão domiciliar, descrevendo-o como “muito forte” e “recarregado pela força do povo”. Segundo Flávio, ver o ex-presidente com tornozeleira eletrônica é “difícil”, mas os gestos de apoio popular têm sido um combustível moral para a família.
Além da ofensiva contra Moraes, a oposição ainda tenta viabilizar a votação de uma proposta de anistia “ampla, geral e restrita” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Segundo Flávio, o debate precisa sair dos bastidores e ir a voto, “sem casuísmo”. Para ele, restringir o alcance da anistia apenas para não beneficiar Bolsonaro seria “injusto e inconstitucional”.
Ao longo da semana, o clima no Congresso foi de embate. A ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado por parlamentares da oposição paralisou os trabalhos legislativos. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou a retomar à força a condução dos trabalhos na noite de quarta-feira (6), pedindo respeito à Constituição e aos ritos do Parlamento.
Já Alcolumbre, pressionado dos dois lados, disse que não pretende pautar o pedido de impeachment ao ministro Alexandre de Moraes, a declaração foi feita ontem após a reunião de lideranças partidárias.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado