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Fadiga crônica pode ser revelada antecipadamente por marcas do organismo

Os sintomas da síndrome da fadiga crônica(EM/SFC) envolvem um mal-estar generalizado que atrapalha...

Os sintomas da síndrome da fadiga crônica(EM/SFC) envolvem um mal-estar generalizado que atrapalha a saúde física e mental. Há queixas de cansaço persistente, distúrbios do sono, tontura e dor crônica. Especialistas costumam comparam esses sintomas aos da covid-19 prolongada, uma vez que ambas  ocorrem após infecções virais. Mas uma pesquisa recém-publicada mostra que há possibilidade de prever essas reações, possibilitando tratamentos específicos, se observados sinais invisíveis que estão no organismo humano por meio do microbioma intestinal. Ali, estão biomarcadores que, no passado, eram indetectáveis em bactérias intestinais, que dão respostas imunológicas ao metabolismo, oferecendo esperança para futuras ferramentas de diagnóstico. A revelação faz parte de um estudo conduzido pelo Laboratório Jackson, da Universidade Duke e do Centro Bateman Horne, publicado na Nature Medicine.

“Alguns médicos duvidam de que se trate de uma doença real devido à ausência de marcadores laboratoriais claros, às vezes atribuindo-a a fatores psicológicos”, afirmou Derya Unutmaz, autora do estudo e professora de imunologia no Laboratório Jackson (JAX). A médica Christina Passos de Queiroz, gastroenterologista e endoscopista do Hospital Anchieta, disse que as queixas são frequentes. “(Principalmente) fadiga, desânimo, queda de cabelos, quebra de unhas, manifestações dispépticas, em alguns casos diarreia, além de dispepsia, distensão abdominal, flatulência excessiva, diarreia em uma porcentagem significativa, sintomas de disbiose”, relatou.

A descoberta dos pesquisadores dos três centros de estudos deve ajudar ainda quem sofre de encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica (EM/SFC), uma condição debilitante frequentemente negligenciada devido à falta de meios para diagnóstico,mas que podem estar mais perto de um tratamento personalizado, de acordo com uma nova pesquisa que mostra como a doença interrompe as interações entre o microbioma, o sistema imunológico e o metabolismo.

Para a pesquisa, foram utilizados dados de 249 indivíduos por intermédio de uma nova plataforma de inteligência artificial (IA) que identifica biomarcadores de doenças em fezes, sangue e outros exames laboratoriais de rotina.”Nosso estudo alcançou 90% de precisão na diferenciação de indivíduos com síndrome da fadiga crônica, o que é significativo porque os médicos atualmente não possuem biomarcadores confiáveis para o diagnóstico”, disse Unutmaz. Os pesquisadores analisaram dados abrangentes coletados no Bateman Horne Center, um centro de pesquisa em EM/SFC, Covid prolongada e fibromialgia em Salt Lake City, Utah.Ali, é aplicado um modelo de rede neural profunda chamado BioMapAI. A ferramenta integra metagenômica intestinal, metabolômica plasmática, perfis de células imunes, dados de exames de sangue e sintomas clínicos de 153 pacientes e 96 indivíduos saudáveis ao longo de quatro anos.

O modelo conectou milhares de pontos de dados de pacientes, reconstruindo sintomas como dor e problemas gastrointestinais, entre outros. Também revelou que pacientes que estavam doentes há menos de quatro anos apresentavam menos redes interrompidas do que aqueles que estavam doentes há mais de dez anos. Julia Oh,microbiologista e professora da Universidade Duke, que participou do estudo, ressaltou a importância de verificar as diferenças individuais.

“Os pacientes apresentam uma ampla gama de sintomas que variam em gravidade e duração, e os métodos atuais não conseguem captar totalmente essa complexidade”, ressaltou Oh. Bruna Makluf, nutricionista da plataforma Wefit, elogiou a pesquisa. “Conhecer a composição e características da microbiota intestinal possibilita a realização de diagnósticos mais precisos, escolhas terapêuticas mais assertivas, composição de dietas personalizadas e orientações direcionadas para a saúde e bem-estar. Hoje, conseguimos fazer esta análise por meio de diversas estratégias, como os exames de microbiota intestinal, avaliação clínica detalhada, entre outros.”

A pesquisa mostrou que algumas queixas comuns aos pacientes, como distúrbios do sono, dores de cabeça, fadiga e tontura se acentuam com o tempo, mas essas alterações deixam registros no microbioma. Pacientes com o diagnóstico apresentaram níveis mais baixos de butirato, um ácido graxo benéfico produzido no intestino, e outros nutrientes essenciais para o metabolismo, o controle da inflamação e a energia. Aqueles com níveis elevados de triptofano, benzoato e outros marcadores indicaram um desequilíbrio microbiano. “As células MAIT conectam a saúde intestinal a funções imunológicas mais amplas, e sua interrupção junto das vias do butirato e do triptofano, normalmente anti-inflamatórias, sugere um profundo desequilíbrio”, disse Unutmaz. 

Palavra do especialista 

Uma microbiota em desequilíbrio pode apresentar diminuição de bactérias benéficas como por exemplo, as produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), o que pode acarretar danos na integridade da barreira intestinal e resultar no aumento da permeabilidade do intestino, condição também conhecida como leaky gut. Quando isso ocorre, toxinas, antígenos microbianos e patógenos atravessam a mucosa podendo desencadear uma resposta inflamatória sistêmica. Uma microbiota intestinal saudável e equilibrada resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas.

Bruna Makluf, nutricionista da plataforma Wefit

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Freepik

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