O relator da CPMI do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), deputado Alfredo Gaspar (União-AL), inquiriu, nesta segunda-feira (27/10), o ex-diretor de Governança do instituto, Alexandre Guimarães, com informações sobre movimentações financeiras suspeitas. Documentos da comissão apontam que o ex-gestor recebeu R$ 85 mil da empresa que pertence a Antônio Carlos Camilo, o “Careca do INSS”, além de repasses para a empresa Vênus, da qual Guimarães é sócio.
Segundo Gaspar, a Prospect, apontada como uma das empresas utilizadas para lavar recursos desviados de aposentadorias, transferiu R$ 85 mil à conta pessoal de Guimarães e mais de R$ 2 milhões à Vênus. O relator destacou que a Vênus tem como contador Rubens Oliveira Costa, identificado em investigações como operador financeiro do esquema. “A Vênus foi criada para atender aquele aplicativo de educação financeira, e o Rubens foi indicado pelo Antônio para ajudar na abertura da empresa”, declarou o ex-diretor.
Guimarães justificou que o recebimento dos R$ 85 mil teria sido referente a venda de um veículo particular a Antônio. “Eu tinha um Tigo 7, avaliado em R$ 120 mil, e vendi por R$ 85 mil. Foi uma transação pessoal, registrada e sem ligação com o INSS”, afirmou. O relator ironizou o episódio, destacando que outros depoentes também teriam justificado transações por compra e cessão de veículos pelo empresário. “Esse Antônio Carlos gosta muito de carro”, disse Gaspar.
O ex-diretor negou irregularidades na criação da Vênus e afirmou que o objetivo era apenas “produzir materiais sobre educação financeira” para o aplicativo de Antônio. O deputado lembrou que o contador da Vênus também atuava nas empresas controladas pelo empresário e que familiares do contador trabalhavam em gabinetes parlamentares ligados ao grupo político de Camilo. “As conexões são evidentes”, afirmou Gaspar.
Questionado sobre o motivo de manter vínculos empresariais com pessoas investigadas, Guimarães disse que “não sabia das atividades ilícitas de Antônio Carlos”. Ele acrescentou que sua saída do INSS ocorreu no início de 2023 e que a empresa havia sido aberta ainda em novembro de 2022, quando “já planejava deixar o cargo”.
O relator solicitou a Guimarães que pudesse pedir os documentos ao INSS e à CGU para cruzar dados sobre as transações financeiras e as reclamações recebidas pela ouvidoria entre 2022 e 2023. “Estamos falando de uma organização criminosa que usou a estrutura pública para desviar dinheiro de quem mais precisa. Cada elo será devidamente rastreado”, concluiu Gaspar.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Carlos Moura/Agência Senado