Outros posts

Elisa Carneiro conduz palestra sobre os desafios do idoso no Plano Piloto

Com olhar sensível e discurso engajado, a professora, poetisa e agitadora cultural Elisa...

Com olhar sensível e discurso engajado, a professora, poetisa e agitadora cultural Elisa Carneiro conduziu, na noite desta terça-feira, uma palestra sobre os desafios enfrentados pelos idosos que vivem no Plano Piloto. O encontro, realizado na sede do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHGDF), reuniu moradores, profissionais da saúde, conselheiros de cultura e interessados no tema do envelhecimento ativo.

Moradora da Asa Sul desde que nasceu, em 1962, Elisa falou a partir de um lugar de experiência e pertencimento. Conselheira de cultura da região, ela atua na organização de eventos que buscam incluir pessoas idosas na vida cultural da cidade — um dos caminhos, segundo ela, para garantir mais dignidade e bem-estar a essa população.

Durante Elisa defendeu uma cidade mais atenta ao processo natural do envelhecimento e falou com emoção sobre o que significa crescer, viver e envelhecer em Brasília — e o quanto a cidade precisa, também, amadurecer com seus habitantes. “Quando a cidade ignora o envelhecimento, surgem os conflitos: os ossos ficam mais frágeis, mas o concreto segue duro e quebrado”, completou.

Entre os desafios mais urgentes, segundo ela, estão a mobilidade urbana, a segurança e o medo que impede até ações básicas, como ir ao posto de saúde. “Muitos idosos não saem de casa, e isso tem consequências”, disse. Para enfrentar esses obstáculos, Elisa propôs uma ação conjunta entre diferentes áreas do governo: “Saúde, cultura, educação, segurança, assistência. Precisamos que todas as secretarias se unam e digam: estamos aqui por vocês”.

Debate urgente

Idealizador do projeto Café Histórico, o diretor de pesquisa do órgão, Antônio Flávio Testa, destacou a importância do tema abordado. “A população do Plano Piloto está envelhecendo e precisa ser ouvida. A Asa Sul, a Asa Norte e até áreas como Lago Sul e Sudoeste vivem essa realidade, mas Brasília ainda não está preparada para atender com dignidade as pessoas idosas”, afirmou. Testa lembrou que, em outras cidades brasileiras, como Santos e até Copacabana, no Rio de Janeiro, já existem estruturas e iniciativas voltadas ao bem-estar da terceira idade. “A nossa proposta é provocar esse debate e chamar a atenção do GDF para o tema”, completou.

Testa também chamou atenção para gargalos estruturais que afetam diretamente a qualidade de vida de quem envelhece no Distrito Federal. “A segurança é hoje uma das maiores preocupações. As pessoas têm medo de sair de casa. Isso compromete o bem-estar”, explicou. Para ele, acessibilidade, saúde, lazer e atividades culturais precisam ser prioridade nas políticas públicas. “O envelhecimento não pode ser tratado apenas como um problema médico. É um fenômeno social que exige uma resposta integrada, envolvendo urbanismo, cultura, segurança e bem-estar”.

Visitas ilustres

Aos 81 anos, o presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, Paulo Castelo Branco, que fez questão de comparecer ao encontro, falou com propriedade sobre o tema. Para ele, a importância da palestra vai além do debate acadêmico — é também um convite à valorização da experiência e da longevidade.

“Essa é uma discussão que me toca diretamente. Eu sou idoso e posso dizer que Brasília é uma cidade boa para envelhecer. Tem paz, tem saúde, tem transporte. Temos dificuldades, como toda cidade, mas o prazer de viver aqui é maior”, avaliou o presidente.

Embora veja com otimismo as condições oferecidas a pessoas idosas no DF, ele reconhece que a palestra da professora Elisa Carneiro pode trazer novas perspectivas — inclusive para o poder público. “As políticas públicas já caminham para proteger os idosos, oferecendo prioridades no serviço público, na saúde, nos transportes. Mas esse tipo de encontro é importante para manter o tema em pauta e apontar melhorias possíveis”, completou.

Entre os participantes da palestra, esteve Dolores Ferreira, subsecretária de Política da Pessoa Idosa da Secretaria de Justiça. Ela ressaltou a importância do evento como parte do esforço coletivo para dar visibilidade às demandas da população 60+ do Distrito Federal. “Embora hoje eu esteja aqui como convidada e moradora do Plano Piloto, essa pauta me atravessa diretamente. É o que vivencio no trabalho e também no cotidiano”, afirmou. 

Apesar de não ter comparecido oficialmente como representante do governo, Dolores acredita que as reflexões levantadas no encontro vão impactar diretamente seu trabalho institucional. “Toda pauta que envolve a proteção da pessoa idosa reverbera. Hoje, o foco está no Plano Piloto, mas nossa subsecretaria atua em todo o Distrito Federal, desenvolvendo projetos para alcançar cada idoso com políticas de cuidado, respeito e dignidade”.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense       

Foto: Carlos Silva/D.A Press

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp