O projeto de revitalização de espaços públicos, como a Praça dos Três Poderes, o Catetinho e o Museu Vivo da Memória Candanga foram alguns dos temas discutidos no CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília, de ontem, que teve como convidado Leandro Grass, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Aos jornalistas Carlos Alexandre e Mila Ferreira, Grass comentou sobre a reconstrução das obras destruídas em 8 de Janeiro de 2023, além de comentar sobre os projetos realizados pelo órgão para promover mais preservação de patrimônios.
Estamos há uma semana do aniversário de Brasília. O que o Iphan tem planejado para a comemoração?
Teremos uma programação voltada ao jovens, estudantes de escolas públicas, visitando alguns pontos emblemáticos de Brasília, como a Catedral, a Praça dos Três Poderes. Além disso, também iremos fazer alguns anúncios importantes, como a apresentação do projeto da Praça dos Três Poderes, que já está pronto, iremos mostrar como ela vai ficar. Vamos assinar alguns termos com o GDF para contratação de projetos para a revitalização do Catetinho e do Museu Vivo da Memória Candanga.
O Iphan publicou um livro sobre a reconstrução das obras destruídas em 8 de Janeiro de 2023.
Como o senhor avalia esse processo de recuperação?
Dentre os crimes praticados no 8 de Janeiro, temos o crime de destruição do patrimônio cultural brasileiro, sejam os monumentos, sejam os prédios, assim como algumas obras de arte que estavam dentro dos palácios. No caso do Palácio do Planalto, tivemos ali 20 obras de arte que foram tratadas pelo Iphan em parceria com a Universidade Federal de Pelotas ao longo do ano de 2024. Montamos um laboratório lá no Palácio do Alvorada, onde estudantes, professores, conservadores e restauradores atuaram nessa recuperação. Foi um lindo exercício de amor pelo Brasil, de trazer de volta aquilo que é nosso.
Há projetos que estão sendo feitos para trabalhar o senso de conservação?
Temos um projeto de educação patrimonial que o Iphan voltou a investir em 2023. Temos um programa nacional, tem um projeto aqui em Brasília, no Paranoá: Vida e Afeto da Vila Paranoá, em que trabalhamos com os moradores resgatando a memória e a história da região administrativa. Estamos fazendo em Taguatinga que são quatro oficinas que estão sendo realizadas. A primeira já aconteceu, com os moradores da região, para que elas possam dizer o que é importante para ser preservado. É preciso resgatar este modelo de cidade civilizada, esse modelo de cidade cidadã que Brasília tinha lá no seu início, mas que, infelizmente, a gente foi perdendo ao longo do tempo. Além disso, desenvolvemos um trabalho em duas escolas públicas aqui de Brasília, com crianças e adolescentes, para eles entenderem não só o que foi o 8 de Janeiro, mas também compreenderem o que é a conservação e o processo de restauração. O que nós queríamos é mostrar a importância do trabalho de restauro e conservação, que às vezes não é percebido, mas ele que é extremamente precioso, técnico e qualificado.
Sobre a Lei Aldir Blanc (Lei de financiamento cultural). Como os recursos estão sendo utilizados para ações em defesa do patrimônio cultural brasileiro?
O que estamos fazendo, por meio do Iphan, é incentivar prefeituras e governos estaduais a usarem esses recursos no patrimônio cultural, seja com conservação e restauro de monumentos, seja em áreas que são tombadas, mas também no fomento e preservação do patrimônio imaterial de grupos de cultura popular, como o forró, o carimbó, o maracatu, a capoeira e tantos outros.
Como está o projeto “Debatendo as Cidades”?
Quando eu entrei para a vida pública, enquanto deputado distrital, em 2018, uma das prioridades do meu mandato era andar em todo o DF, não só para conhecer esses territórios, mas também escutar a população e atuar em prol das pessoa. Agora, veio esse projeto em conjunto com outros deputados, em que estamos andando por vários territórios, para a gente desenvolver esse trabalho de escuta e, acima de tudo, dar respostas às pessoas. A ideia é que esse movimento se intensifique para que a gente possa, em 2026, apresentar um projeto ainda mais condizente com as necessidades do povo do Distrito Federal, como a saúde, que é um problema gravíssimo no Distrito Federal.
Como o campo político da esquerda enxerga a força do grupo?
Só há um caminho para nós superarmos o atual grupo que está no poder: unidade. Unificar não só partidos, mas setores da sociedade, juntar pessoas em torno de um projeto comum. Esse é o meu esforço nesse momento. Já há algum tempo quero juntar as pessoas que gostam e amam Brasília para que a gente possa construir um projeto e transformar a cidade em uma cidade de referência.
* Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
Por Luiz Fellipe Alves do Correio Braziliense
Foto: Bruna Gaston CB/DA Press / Reprodução Correio Braziliense