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“Democracias não se defendem sozinhas”, diz Steven Levitsky sobre STF

O cientista político norte-americano Steven Levitsky disse nesta quarta-feira (13/8) que o Supremo Tribunal...

O cientista político norte-americano Steven Levitsky disse nesta quarta-feira (13/8) que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem feito um bom trabalho ao protagonizar a luta contra movimentos antidemocráticos no Brasil. Em um evento em Brasília, Levitsky enfatizou que é preciso que indivíduos e instituições se levantem porque as democracias “não conseguem se defender sozinhas”.

“Acho que o tribunal agiu absolutamente certo ao defender a democracia de forma agressiva. As democracias não conseguem se defender sozinhas. Elas não podem ser defendidas passivamente, à distância”, pontuou o autor do best-seller Como as Democracias Morrem, em um evento do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília.

Levitsky, que também é professor da Harvard University, reconheceu que a Suprema Corte brasileira é uma das mais poderosas da história da América Latina e atualmente uma das mais poderosas do mundo. Enfatizou, ainda, que a atuação do STF tem sido importante para punir tentativas de destruir a democracia.

Citou como exemplo a democracia dos Estados Unidos, que, segundo ele, está rapidamente regredindo sob o governo do presidente Donald Trump (Republicano), e comparou a situação atualde seu país com governos autoritários na Venezuela, Hungria e na Turquia. “Os primeiros meses da administração Trump têm sido mais autoritários que (Hugo) Chávez, (Viktor) Orbán e (Tayyip) Erdogan”, pontuou.

Ele exaltou a resposta das instituições brasileiras à tentativa de golpe de Estado de 2022. “Nossos principais políticos, juízes de destaque, grandes proprietários de mídia, líderes empresariais e líderes religiosos estão falhando em cumprir sua responsabilidade básica de se levantar e defender as instituições democráticas”, disparou.

E continuou: “Compare isso com o Brasil. A democracia brasileira tem suas falhas, suas deficiências, e a resposta a (Jair) Bolsonaro foi confusa. Mas muito mais eficaz do que a dos Estados Unidos”, disse Steven Levitsky.

“Parece muito provável que Bolsonaro seja de fato condenado pelo seu ataque (referindo-se à tentativa de golpe). Portanto, ao c6ontrário de Trump, é improvável que ele retorne à Presidência — essa é uma grande diferença, e é uma diferença com consequências. Pode ser uma diferença muito significativa a longo prazo”, destacou o cientista político norte-americano.

O julgamento do ex-presidente brasileiro por liderar um grupo que tentou dar um golpe de Estado em 2022 deve ser marcado para setembro. Bolsonaro está em prisão domiciliar usando tornozeleira eletrônica por descumprir medidas cautelares impostas pelo STF.

Resposta fraca dos EUA

Para Levitsky, o motivo da “fraca” resposta dos Estados Unidos à tentativa de golpe de Trump, quando perdeu as eleições em 2020 e incentivou apoiadores a invadir o Capitólio, é a falta de uma memória coletiva dos norte-americanos sobre o autoritarismo.

Diferentemente do Brasil, que já esteve em uma ditadura militar nos últimos 40 anos, os Estados Unidos têm uma democracia ininterrupta — embora mais fraca em momentos como o atual — desde o século XVIII. Por isso, segundo Levitsky, autoridades têm dificuldades de entender a gravidade das ameaças de Trump à democracia.

Antes do evento no IDP, Steven Levitsky esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Ontem (12), participou de um evento no Senado Federal, onde fez um discurso similar ao desta quarta, com elogios às instituições brasileiras e à resposta a Bolsonaro.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Benjamin Figueiredo/CB/D.A. Press

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