Porta de entrada da proteção social básica, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é destinado ao atendimento assistencial de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social. Levar serviços essenciais para áreas remotas ou de difícil acesso é uma das premissas do Cras Móvel, que atendeu moradores do Núcleo Rural Jardim, no Paranoá, nesta terça-feira (17).
O trabalho da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) foi feito no escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) da região, na DF-285. A atividade leva políticas públicas às pessoas que moram em locais de difícil acesso, longe das cidades, como áreas rurais ou comunidades distantes, onde há dificuldade de ir até uma unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) das regiões administrativas. Na ação foram atendidas cerca de 30 famílias, com vagas divididas entre as comunidades de Itapeti, Suçuarana, Buriti Vermelho e Jardim.
Os serviços mais procurados nas edições anteriores do projeto foram inscrição e atualização de dados no Cadastro Único; esclarecimento de dúvidas sobre benefícios como Cartão Prato Cheio; solicitação de carteira do idoso e comprovação de perfil familiar para acesso aos programas sociais do Governo Federal e do GDF. Também são feitos encaminhamentos para outros serviços da rede socioassistencial, como outros Cras, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e programas de geração de renda.
A avicultora Senhorinha Vieira dos Santos, de 33 anos, aproveitou para atualizar os cadastros. Ela destaca a facilidade e acessibilidade que o serviço proporciona: “É importante porque a gente mora longe e não tem como ir para outras cidades, ainda mais quem não tem carro. Aqui é bem mais perto e fácil de vir. Como a gente não recebe muita renda, o auxílio do governo é importante e ajuda bastante”.
Para a dona de casa Maria da Anunciação, 53, o atendimento do Cras é uma manutenção da sobrevivência, que ela consegue por meio do programa Prato Cheio. “Eu não tenho renda e meu marido faleceu, então tive que renovar o programa para ir sobrevivendo”.
Também atendida nesta manhã, a produtora rural Sueli de Brito Alves, 49, reforça os elogios ao atendimento móvel: “É muito bom para as pessoas daqui, porque o deslocamento é difícil e a maioria não tem carro para ir até regiões administrativas, como Planaltina ou o Paranoá. Os servidores vindo para cá, fica bem mais fácil. E o atendimento também é ótimo, eles oferecem até um lanche para nós”.
Histórico do programa
Idealizado em 2021, o Cras Móvel também tem como objetivo desafogar a fila do Cras, já que a maior parte dos atendimentos gira em torno de benefícios sociais e aposentadoria rural. Cada região recebe o programa pelo menos uma vez ao mês, sempre em um escritório diferente da Emater-DF. A gerente do programa da Sedes-DF, Camila Rodrigues de Moraes, frisa que as equipes são completas e contam com especialistas responsáveis pelo acompanhamento mais aprofundado das famílias que têm questões mais delicadas.
“A gente demora mais ou menos uma hora e meia para chegar. Então, imaginamos o trabalho que seria para a população se deslocar. Às vezes não tem transporte público e pagar um transporte particular para sair do território é muito caro e complicado para eles, muitos tendo que se deslocar com crianças, pessoas idosas ou pessoas com deficiência”, observa.
Além de fazer a ponte entre a comunidade e o serviço, a Emater-DF oferece o transporte aos agentes da Sedes-DF e lanche para as famílias atendidas no programa. A extensionista rural da empresa pública, Adriana Rodrigues Zica, ressalta que muitas pessoas da região não têm acesso à tecnologia e, mesmo as que têm, muitas vezes não sabem utilizá-la.
“São pessoas muito carentes. Fornecemos a internet, que é precária em alguns locais, além de um lanche porque, por vezes, a pessoa fica a manhã toda aqui. Tudo para dar apoio e acesso às políticas públicas de que elas precisam. Tem pessoas que nem sabem os direitos que têm, então levamos todas essas informações”.
A iniciativa compõe a rede de unidades de 32 Cras do DF, atuando de forma itinerante na oferta de serviços socioassistenciais a comunidades de áreas rurais e com dificuldade de locomoção. No equipamento público, a população recebe atendimento no âmbito do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e as equipes multidisciplinares atuam na acolhida, oficinas com famílias, ações comunitárias, acompanhamento familiar, visitas domiciliares, ações particularizadas e mutirões de atendimentos, bem como encaminhamentos para outras políticas, quando se fizer necessário.
Por Revista Plano B
Fonte Agência Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília