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Competição de cultivares de soja traz soluções tecnológicas ao produtor

Uma competição de cultivares de soja, realizada ontem na Cooperativa Agropecuária da Região do...

Uma competição de cultivares de soja, realizada ontem na Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), trouxe 57 variedades da oleaginosa, apresentadas por 13 empresas, com o objetivo de aumentar a produtividade da cultura, que é carro-chefe da pauta agrícola no DF. Na disputa, os produtores puderam conhecer as características de cada uma das cultivares e tiveram a oportunidade de escolher aquelas que melhor se adaptam às condições de solo e de clima da região. 

O presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, explicou que a competição, realizada em oito hectares de plantio, é uma vitrine demonstrativa. “Cada barraca representa uma empresa, e nelas estão expostas as variedades de soja que as empresas têm disponíveis no mercado. O produtor visita as barracas e recebe instrução sobre as características das sementes: qual é o ciclo, se são resistentes a nematoides ou a alguma doença específica”, completou. 

O principal critério avaliado na competição é a produtividade, sendo avaliadas também outras características, como resistência da planta a doenças (bacterioses, ferrugem e nematoides), precocidade e comportamento das variedades de ciclo precoce, médio e tardio, em relação à produção.

José Guilherme esclarece que a partir dessa avaliação o produtor pode decidir qual semente é mais adequada para o seu contexto. “Depois disso, nós colhemos cada material, pesamos e divulgamos os resultados de produtividade. Dessa forma, o produtor não apenas conhece as características das cultivares, mas também vê na prática o desempenho delas”, ressaltou.

Pedro Capilé, 26, produtor, comenta a  experiência na competição de cultivares. “É muito importante ter um comparativo das sementes que estão no mercado, para saber qual alcança uma produtividade maior, que é o que produtor busca”, disse.

O produtor comentou que é interessante conhecer as variedades, e como elas se comportam, para entender o que se adapta melhor à sua propriedade. ”Um problema que o produtor tem é ficar perdido com as muitas variedades de sementes do mercado. Ter uma consultoria específica para o seu tipo de solo traz segurança”, completou.

Cleison Duval, presidente da Emater-DF, ressaltou que a competição é um evento tradicional e importante para os produtores. “O resultado daqui tem grande relevância para o Distrito Federal e também para os produtores de Goiás e Minas Gerais. Como o clima dessas regiões é parecido, os produtores tomam suas decisões baseando-se nessas informações”, esclareceu.

Segundo o presidente do órgão, escolher a variedade correta de acordo com o objetivo do agricultor impacta diretamente no resultado da safra. “A agricultura envolve riscos, então, quanto mais conseguimos mitigá-los, melhor será a tomada de decisão do produtor”, ressaltou.

Para Duval, a mudança genética das plantas está muito voltada para enfrentar eventos climáticos extremos. “Temos variedades de ciclo curto, ciclo médio e ciclo tardio, variedades que resistem mais à seca e à falta de água. Se plantar uma variedade de ciclo curto, terá uma produção rápida e resistente às condições climáticas,” explicou.

“Por exemplo, neste ano, no DF, deu tudo certo para quem plantou soja de ciclo curto, pois já está colhendo. Choveu na hora certa, e o regime de chuvas está favorável. Mas essa é a decisão que o produtor precisa tomar,” afirmou o presidente.

Leandro Canassa, CEO do Grupo Canassa, comentou a importância de participar da competição. “É um espaço para difundir nossa marca. Já é nossa terceira safra como multiplicadores de sementes e para nós é de suma importância fazer essa comunicação, trazendo tecnologias e materiais produtivos para o produtor”, destacou.

Tendências

José Guilherme Brenner comenta que nesta safara houve uma busca por materiais mais precoces, porque reduzem o tempo da planta no campo e diminuem a exposição a doenças. “Outra tendência são variedades de porte mais baixo, porque facilitam o controle de doenças e reduzem o risco de acamamento (quando a planta tomba no solo). Além disso, houve um avanço significativo no desenvolvimento de materiais resistentes a nematoides, que são pequenos organismos presentes no solo e que podem comprometer a produtividade”, salientou.

secretário da Agricultura do DF, Rafael Bueno, se mostrou otimista com projeção de aumento de produtividade de 8% para a soja. “No ano passado, de acordo com levantamento da Emater-DF, essa atividade gerou quase R$ 1 bilhão em receita. A soja é o principal cultivo da primeira safra, que se inicia por volta de outubro. Agora, já estamos iniciando a colheita. No Distrito Federal, entre 30% e 40% da soja colhida é destinada à produção de sementes, o que agrega muito mais valor do que a produção de grãos e melhora a rentabilidade do produtor”, explicou.

“O grande desafio surge em anos de problemas climáticos, como observamos na safra 2023/2024, quando houve escassez hídrica. Tivemos uma má distribuição de chuvas, volumes reduzidos e períodos irregulares de precipitação. Isso resultou em uma soja mais fraca e leve, com menor quantidade aprovada para sementes. Este ano, no entanto, a situação é diferente. Há uma boa regularidade e distribuição das chuvas, além de baixa incidência de pragas e doenças, o que favorece a produção. O único desafio técnico tem sido o grande número de dias nublados, mais do que nos anos anteriores. Isso impacta o desenvolvimento da planta, aumentando o crescimento vegetativo em detrimento da produção de vagens, que é essencial para a produção de sementes”, explica o secretário.

* Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho

Por Maria Eduarda Lavocat e José Albuquerque do Correio Braziliense

Foto:  Maria Eduarda Lavocat/CB/D.a Press / Reprodução Correio Braziliense

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