Outros posts

Cérebro provoca resposta imunológica quando vê pessoas doentes, mostra estudo

O cérebro humano ativa células imunológicas e imita a resposta do corpo a uma infecção só de ver uma...

cérebro humano ativa células imunológicas e imita a resposta do corpo a uma infecção só de ver uma pessoa doente. É o que revela estudo publicado no último 28 de julho pela revista Nature Neuroscience, que usou tomografias, exames de sangue e realidade virtual para chegar ao resultado.  

De acordo com a pesquisa, ao antecipar possíveis doenças, o sistema nervoso pode ativar reação imune antes mesmo do contato físico com patógenos. Para entender essa correlação, voluntários saudáveis foram expostos a ambientes com avatares infecciosos, visíveis por meio de óculos de realidade virtual. 

Os participantes foram divididos em três grupos. Para um deles, bonecos virtuais que apresentavam sintomas como erupções cutâneas e tosse se aproximavam cada vez mais, embora nunca os tocassem. Para outro, os personagens podiam ser “neutros” ou “amedrontadores”, mas estavam saudáveis. Para o terceiro, que recebeu vacina contra gripe — ou seja, foi exposto a um patógeno real controlado —, não havia avatares. 

Os pesquisadores observaram que, à proximidade de ameaça, mesmo que sem exposição direta, redes cerebrais são ativadas a fim de preparar o corpo para o perigo. À medida que um avatar infeccioso se aproximava, o cérebro antecipava a ameaça e ativava, primeiramente, áreas do ligadas ao espaço pessoal — que funcionam como “alarme” para a região imediatamente ao redor do corpo — para usar de mecanismos como distanciamento social a fim de se proteger.  

Depois, houve aumento repentino em ativações do conjunto de regiões cerebrais envolvido no reconhecimento de eventos importantes, como ameaças e respostas a elas. A reação específica à infecção foi diferente da advinda do perigo de avatares que só causavam medo.  

Toda essa atividade do cérebro desencadeou resposta imunológica real no sangue: houve aumento na frequência de células de defesa imunológica, conhecidas como linfoides inatas, que fazem parte da “linha de frente” de defesa do corpo contra invasores.  

Foi maior a frequência dessas células em participantes que viram avatares infecciosos do que nos que viram personagens saudáveis. O grupo que viu os doentes, mesmo que virtuais, teve a mesma atividade imunológica do que recebeu a vacina sem ter visto ninguém. Isso sugere, portanto, que uma ameaça virtual de infecção pode preparar o sistema imunológico de forma parecida a um contato real com um patógeno. 

Segundo conta em matéria da Nature um dos coautores do estudo, o neurocientista Andrea Serino, os resultados da pesquisa ilustram o poder do cérebro “de prever o que está acontecendo (e) selecionar a resposta adequada”. Assim, o corpo humano não espera o contato físico com germes para começar a agir. 

Um imunologista que não participou do estudo afirma, também à publicação, que a resposta trata-se de trabalho em equipe entre “dois dos sistemas mais complexos do corpo”, que “coordenam as respostas entre si porque interagem ambos com o ambiente e estabelecem proteção contra potenciais perigos, como patógenos”. 

Essa ligação se daria por meio do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), como uma ponte que providencia resposta ao estresse e à regulação imunológica; e sugere que o sistema nervoso e o imunológico estão mais integrados do que se pensava, ao trabalharem juntos.  

Como nem sempre o sistema de defesa age de maneira rápida o suficiente para prevenir doenças graves, seria útil explorar a possibilidade de resposta prévia a partir da identificação de ameaças visuais pelo cérebro. Assim, a partir das descobertas, pode-se aprimorar vacinas, bem como utilizar da realidade virtual para aumentar a ativação de células que são alvo da imunização, aumentando a eficácia dela. 

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Freepick

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp