Com a proximidade do inverno e do período seco em Brasília, cresce a preocupação com as infecções respiratórias entre a população idosa. Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) mostram que, só em 2023, mais de 1,4 mil pessoas com idade acima dos 60 anos foram diagnosticadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quadro que reúne casos de doenças, como bronquiolite, pneumonia e influenza. Em 2024, o número caiu para 1.121. A alta vulnerabilidade dessa faixa etária, especialmente entre as pessoas que têm doenças crônicas, acende o alerta para a importância da prevenção e da vacinação.
Apenas nos três primeiros meses deste ano, foram contabilizadas 185 casos e 13 mortes registradas nessa faixa etária. Já os dados específicos sobre influenza, mostram um crescimento significativo em 2024, com 146 casos e 13 óbitos — em comparação com 55 casos e sete mortes registrados em 2023.
Grupo de risco
Embora a bronquiolite seja mais comum em bebês e crianças, a doença também pode acometer idosos. Segundo a geriatra Priscilla Mussi, coordenadora de geriatria do Hospital Santa Lúcia, os idosos fazem parte do principal grupo de risco para a doençae. “Eles apresentam um maior número de comorbidades, como hipertensão, diabetes, obesidade, doenças pulmonares e cardíacas. Além disso, o envelhecimento provoca a imunossenescência, um processo natural que reduz a capacidade do sistema imunológico. Como resultado, aumenta a incidência de doenças infectocontagiosas nessa faixa etária”, detalha.
Nos meses mais frios, os cuidados devem ser redobrados, principalmente entre os que apresentam doenças crônicas. Segundo Priscilla, a vacinação é uma das principais formas de prevenção. “É essencial manter o esquema vacinal em dia, com a vacina contra a influenza, a pneumocócica e, agora, a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), que está disponível nos postos de saúde”, destaca.
Ela também orienta que os idosos evitem locais muito tumultuados, contato com pessoas gripadas, e, em caso de sintomas, o uso de máscara para proteger outras pessoas. Além disso, recomenda hábitos saudáveis, como lavar bem as mãos, manter uma alimentação equilibrada, ter uma boa noite de sono e praticar atividade física regularmente. A especialista ainda alerta sobre os sinais de agravamento da bronquiolite.
Sintomas
De acordo com a Secretaria de Saúde, a bronquiolite é uma infecção viral que atinge as pequenas vias aéreas dos pulmões. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o principal causador, mas outros agentes, como rinovírus, adenovírus e influenza, também podem estar associados.
Segundo o coordenador de Pneumologia do Hospital Santa Lúcia, William Schwartz, entre os principais sintomas estão tosse seca persistente, chiado no peito, falta de ar e sensação de aperto torácico. “Pode haver febre baixa, fadiga e piora da função pulmonar basal, especialmente em pacientes com doenças pulmonares crônicas, como asma, DPOC e sequelas de infecções”, explica.
Diferenciá-la de outras infecções respiratórias nem sempre é fácil. Em idosos, especialmente aqueles com doenças pré-existentes, a bronquiolite pode evoluir para quadros graves, com insuficiência respiratória e necessidade de internação. “A gripe começa com febre alta e dores no corpo, enquanto a pneumonia costuma apresentar febre persistente e tosse com secreção. Já a bronquiolite tende a ser mais sutil, com sintomas subagudos e obstrução das vias aéreas inferiores, sem sinais evidentes de consolidação no pulmão”, completa o pneumologista.
Relato
No fim do ano passado, a aposentada Auristela Silva de Souza, 75 anos, começou a apresentar sintomas como uma tosse persistente, cansaço e dificuldade para respirar no dia a dia. Como sempre foi muito ativa, inicialmente, ela acreditou que os sintomas seriam apenas uma gripe comum. No entanto, pelo fato de ela possuir um quadro de hipertensão, decidiu buscar atendimento na UBS 1 do Guará.
Auristela recebeu o diagnóstico de bronquiolite. Por não apresentar um quadro grave, foi liberada pelo médico para fazer o tratamento em casa. Desde então, ela segue realizando acompanhamento médico a cada três meses. “Aprendi a não subestimar nenhum sintoma, ficar naquela de achar que é só uma gripe leve, e valorizar ainda mais a minha saúde”, conta com um sorriso no rosto.
Por Bárbara Xavier e Giovanna Sfalsin do Correio Braziliense
Foto: Reprodução/Freepik / Reprodução Correio Braziliense