A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (16/6), a anulação do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República. Também na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado, o militar teve os depoimentos colocados em xeque devido a mensagens que teriam sido trocadas por ele em um perfil em uma rede social.
Na semana passada, a revista Veja publicou mensagens que teriam sido enviadas por Cid por um perfil da rede social em nome de “GabrielaR702”. No interrogatório do militar ao STF, o advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, questionou se o réu havia conversado sobre o conteúdo da delação dele com outras pessoas pela internet. Ele negou.
Os advogados do ex-presidente pediram a anulação da delação e afirmaram ao Supremo que as mensagens mostram a “ausência de credibilidade da delação” de Mauro Cid. Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes deu um prazo de 24 horas para a Meta, dona do Instagram, apresentar dados cadastrais do perfil que teria sido usado por Cid. A plataforma ainda não prestou esclarecimentos à Corte.
Interrogatório do golpe
Delator da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, o tenente-coronel Mauro Cid, confirmou que presenciou o planejamento da trama criminosa para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. No plenário da Primeira Turma do STF, o militar disse que estava nas reuniões para discutir o tema, mas se esquivou da culpa de participar do plano.
Cid foi o primeiro interrogado do chamado “Núcleo 1” pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. Ele confirmou a veracidade de seus 12 depoimentos à Polícia Federal, desde que ele firmou com a Procuradoria-Geral da República (PGR) um termo de delação premiada. O tenente-coronel disse que não participou da tentativa de golpe, mas que presenciou “grande parte” desses fatos por estar sempre próximo a Jair Bolsonaro.
Segundo o delator, o ex-presidente estava focado em encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para provocar o caos social e convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano para reverter o resultado das eleições de 2022 — em que sua chapa com o general Walter Braga Netto, também réu na ação penal, saiu derrotada.
Por Revista Plano B
Fonte Correio Braziliense
Foto: Rosinei Coutinho/STF