Nesta sexta-feira (6), uma operação conjunta de conscientização sobre a prevenção aos incêndios florestais movimentou a entrada principal do Jardim Botânico de Brasília (JBB).
Coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema-DF) e outros dez órgãos distritais, a blitz educativa teve como objetivo alertar motoristas e passageiros sobre os riscos da queima de lixo e restos de poda, que são os principais causadores de incêndios florestais no Distrito Federal.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Gutemberg Gomes, além de atuar diretamente na proteção ambiental, a pasta é responsável por mapear as áreas de maior índice de risco e promover conscientização. “Fazemos uma ambientação com os alunos por meio de palestras sobre a proibição da queima de poda ou de lixo nas áreas rurais, porque estamos entrando em um período mais crítico que esquenta mais, o vento fica mais forte e qualquer fagulha propicia um incêndio florestal”, pontua.
Na terceira edição do ano, a atividade faz parte do Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Ppcif), coordenado pela Sema-DF, que reúne mais de 20 instituições. Entre os presentes, estiveram agentes do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-DF), do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF), do Instituto Brasília Ambiental, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Força Aérea Brasileira (FAB), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), além do apoio da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb).
Pequenos multiplicadores
Crianças do 5º ano do ensino fundamental I da Escola Classe Alto Interlagos, do Paranoá, também estavam empenhadas na blitz, repassando os conhecimentos aprendidos aos condutores abordados.
Com o auxílio dos colegas que seguravam cartazes sobre educação ambiental, a estudante de 10 anos Anna Carollina Vieira Rodrigues já deixava o recado claro: “Estamos falando sobre o Cerrado e a importância de cuidar dele, porque ele nos dá vida, água de nascentes e várias coisas. Se jogar uma bituca de cigarro ou acender uma fogueira, pode dar um fogo alto nas árvores, na grama e queimar a natureza, além de matar os bichinhos e poluir o ar”.
A participação dos estudantes teve o papel estratégico de sensibilizar quem passava pelo local, além de formar jovens multiplicadores da cultura de preservação ambiental, especialmente nas comunidades rurais onde muitos deles vivem.
Para os condutores, a estratégia surtiu efeito: após ter sido abordado e receber o material educativo na blitz, o representante técnico comercial Vicente Andrade, 62, disse que a atividade é necessária para muitas pessoas que não têm consciência dos riscos da queimada ilegal.
“Foi bacana, principalmente com a participação das crianças, que estão em um período de assimilar esses detalhes”, afirmou. “Uma boa iniciativa dos órgãos competentes, é importante essa educação ambiental aqui no DF, principalmente neste período muito seco.” Também parado na blitz, o armador Carlos Roberto, 48, concordou: “É bom porque o pessoal fica mais consciente das coisas. O lixo deve ser recolhido pelos caminhões, temos que cuidar do que é nosso”.
Coleta garantida
Durante a operação, os veículos foram abordados primeiramente pelo DER-DF e depois pelos representantes das instituições participantes. Entre as orientações passadas aos ocupantes sobre como evitar práticas que podem gerar incêndios florestais, está a destinação correta dos resíduos – papel cumprido pelo SLU com a coleta diária e os equipamentos de captação de inservíveis espalhados pela cidade, serviços que a população pode consultar gratuitamente por meio do aplicativo SLU Coleta DF.
“O papel do SLU é justamente no combate do descarte regular, frisando a proibição de queima desses materiais”, ressaltou a diretora técnica do SLU, Andréa Almeida. “É um trabalho que precisa ser feito o ano todo, porque na época de chuva, o mesmo material que é foco de incêndio causa entupimento de bueiros e proliferação de vetores, em especial da dengue. A gestão de resíduos sólidos é papel de todos, e a população precisa fazer sua parte e colaborar. Realmente, o que a gente precisa é de consciência.”
Área de preservação
Com foco na proteção do Jardim Botânico de Brasília, a blitz busca reduzir os focos de incêndio e as áreas queimadas na região, que integra a Área de Proteção Ambiental (APA) das bacias do Gama e Cabeça de Veado. O espaço de 5 mil hectares abriga 1,8 mil espécies de plantas e 500 de animais, além de três captações de água dentro da estação ecológica.
O diretor-presidente do Jardim Botânico, Allan Freire, afirmou que o alcance promovido pela união dos órgãos governamentais no espaço vai ao encontro da missão do Jardim Botânico, que visa a uma educação ambiental com o lazer orientado à biodiversidade, pesquisa e conservação do Cerrado.
“Nossa equipe faz um trabalho incrível, mas sabemos que tem um alcance limitado”, ponderou o gestor. “Ao levar isso para mais pessoas, com as crianças falando com a família, começa uma conscientização de verdade. O Jardim Botânico é uma das unidades de conservação mais importantes do DF, garante um ar mais puro, abastecimento de água e uma qualidade de vida melhor. Cuidar do meio ambiente e preservar o Cerrado faz com que tudo isso chegue para a população.”
O diretor de Biodiversidade do Jardim Botânico, Estevão Souza, reforçou que a região tem crescido nos últimos anos, com novos condomínios e vias de trânsito, o que aumenta cada vez mais a necessidade de compreensão ecológica.
“Os incêndios florestais que acontecem nesse período de seca são sempre não naturais: 95% são criminosos causados pela ação humana, voluntária ou não”, apontou. “Todos vimos o que aconteceu no ano passado com as queimadas, aquela fumaceira e os problemas de saúde atrelados. É importante conscientizar, porque infelizmente a gente está em um período de mudança climática em que a tendência é piorar, impactando na nossa biodiversidade.”
Por Revista Plano B
Fonte Agência Brasília
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília