Um número crescente de viajantes brasileiros tem enfrentado situações desconfortáveis — e por vezes graves — ao desembarcar em aeroportos dos Estados Unidos, tudo por conta de medicamentos considerados comuns no Brasil, mas que são controlados ou até proibidos pela legislação americana.
Casos recentes relatados por advogados de imigração e consulados brasileiros mostram que comprimidos de uso cotidiano, como relaxantes musculares, ansiolíticos e descongestionantes nasais, podem levantar suspeitas nas alfândegas dos Estados Unidos quando transportados sem prescrição médica e na embalagem original.
target=”_blank” rel=”noopener”>Francielly Ouriques, detida e deportada ao desembarcar em Chicago (Ilinóis) com uma cartela de Tramal (tramadol), um analgésico opioide legal no Brasil, mas considerado ilegal nos EUA. A brasileira seguia para o festival Coachella quando foi interceptada por agentes da imigração.
De acordo com seu relato, o motivo alegado pelas autoridades americana para o cancelamento do visto de turista foi a suspeita de intenção de residência e trabalho ilegal no país.
Mas um outro detalhe chamou atenção: um dos fatores apontados pelos agentes para a detenção e a deportação foi a presença de quatro comprimidos de Tramal em sua mala. Veja o relato abaixo:
Medicamentos proibidos nos EUA
Entre os medicamentos que frequentemente geram problemas estão substâncias com dipirona (proibida nos EUA), clonazepam (Rivotril), diazepam (Valium) e até descongestionantes como Desalex ou xaropes que contenham codeína. Muitos desses produtos são comprados livremente em farmácias brasileiras, sem a exigência de receita médica, o que pode dar aos viajantes uma falsa sensação de segurança.
É importante entender que o que é considerado inofensivo em um país pode ser classificado como substância controlada em outro. “A legislação americana é muito severa com o transporte de remédios. Então, se você estiver levando algum medicamento, é fundamental ter a receita médica em inglês e transportá-lo na embalagem original”, orienta o turismólogo e apresentador Vitor Vianna.
Em alguns casos, os viajantes são encaminhados para salas de inspeção secundária, interrogados por horas, e até têm seus vistos cancelados sumariamente. Em situações mais graves, podem ser deportados ou banidos de entrar nos EUA por cinco anos por não conseguirem comprovar a legalidade do medicamento que carregavam.
O que fazer antes de viajar?
Autoridades e especialistas recomendam atenção redobrada:
- Tenha sempre a receita médica em inglês, assinada por um profissional habilitado;
- Leve os medicamentos na embalagem original, com rótulo legível;
- Evite transportar grandes quantidades — apenas o necessário para o período da viagem;
- Verifique a legalidade do medicamento no site da FDA (Food and Drug Administration) ou consulte o consulado americano antes da viagem.
Medicamentos comuns no Brasil que podem ser barrados nos EUA
- Dipirona (Novalgina, Anador) – proibida pela FDA por riscos hematológicos;
- Clonazepam (Rivotril) – substância controlada, exige receita e justificativa;
- Diazepam (Valium) – precisa de prescrição médica e é regulado;
- Codeína (presente em xaropes para tosse e analgésicos) – altamente regulada;
- Desalex (desloratadina) – em alguns casos, questionado se associado a outros princípios ativos;
- Fluoxetina (Prozac) – permitido, mas requer documentação médica;
- Lorazepam (Lorax) – controlado e requer prescrição detalhada;
- Alprazolam (Frontal, Xanax) – extremamente regulado nos EUA.
- Ritalina – são medicamentos controlados que exigem receita médica nos EUA;
- Sibutramina (Reductil) – supressor de apetite é proibido nos EUA;
- Nimesulida – anti-inflamatório indicado para alívio de dores de ouvido, garganta e dentes, mas que não tem registro nos EUA.
Por Márcio Diniz
Foto: Siarhei Khaletski/iStock / Reprodução Catraca Livre