A Polícia Federal (PF) concluiu as investigações do inquérito da “Abin paralela”, que trata do o esquema de espionagem ilegal montado na Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contudo, apesar de ter sido citado como indiciado nas notícias veiculadas ao longo do dia, o ex-chefe do Executivo não foi incluído na lista de mais de 30 indiciados enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A relação de indiciados inclui, por exemplo, o deputado federal e ex-presidente da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente. Jair Bolsonaro, por sua vez, já é indiciado e é réu no STF em outro processo, pelo crime de organização criminosa na ação penal da tentativa de golpe.
A Abin é um órgão destinado à produção de informações estratégicas ao Palácio do Planalto. A investigação do esquema de espionagem também respingou na atual gestão federal. Constam na lista de enquadrados por indícios de crime o delegado federal Luiz Fernando Corrêa, atual diretor-geral da Abin – nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)-, e o ex-número dois da agência, Alessandro Moretti.
Nome de confiança do PT, Corrêa havia chefiado a PF no segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2011. A investigação aponta que houve “conluio” entre a atual gestão da Abin e a direção anterior para evitar que monitoramentos ilegais viessem a público. Servidores da agência pediram, em carta aberta, a demissão do atual diretor do órgão após o indiciamento.
Aparelhamento
De acordo com o inquérito, a Abin foi aparelhada por um esquema de espionagem ilegal para atender a interesses políticos e pessoais de Jair Bolsonaro e integrantes de sua família. Inicialmente, autoridades da PF informaram que o ex-presidente estava no rol de indiciados.
Na noite desta terça-feira (17/6), o site UOL foi o primeiro a noticiar que Jair Bolsonaro não constava como indiciado. De acordo com o jornal O Globo, no relatório final da investigação, a PF apontou indícios da participação do ex-presidente no esquema de espionagem ilegal, mas caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se ele pode responder pelo crime de organização criminosa em dois inquéritos diferentes – Bolsonaro foi denunciado e já é réu por esse crime na ação penal do golpe.
Após a conclusão da investigação, a PGR vai decidir se apresenta ou não denúncia (acusação formal) contra os implicados.
“Gabinete do ódio”
A PF também identificou o uso do aparato paralelo para atividades do “gabinete do ódio”, grupo, coordenado por Carlos Bolsonaro, que difamava reputações de inimigos políticos do presidente nas redes sociais.
De acordo com a PF, entre os monitorados de forma ilegal pelo esquema da Abin paralela, estavam os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador de São Paulo João Doria, e os deputados federais Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia (União Brasil-RJ), ex-presidentes da Câmara.
Carlos Bolsonaro se manifestou nas redes sociais, na manhã de ontem, após ser indiciado pela PF, no caso da “Abin paralela”, por espionagem de opositores durante o governo Bolsonaro. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo?”, escreveu o filho “02” do ex-presidente no X, antigo Twitter. “Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, acrescentou. (Com informações da Agência Estado)
Por Revista Plano B
Fonte Agência Brasília
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil