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A dois dias do tarifaço, Lula mantém postura “aberta à negociação”

A dois dias para a oficialização do tarifaço de 50% imposto a produtos...

A dois dias para a oficialização do tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, ontem, que é preciso cautela, pois há um “limite de briga” na disputa comercial e política com o presidente Donald Trump. Ao discursar no 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, ele criticou políticos que endossaram a sanção do republicano ao mercado exportador brasileiro.

O líder brasileiro defendeu o uso da diplomacia para negociar as questões tarifárias com os Estados Unidos. Ele enfatizou existirem “limites” para um possível embate com o governo norte-americano. “Nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, eu tenho que falar o que é possível falar, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário”, declarou o presidente.

Embora a taxação de 50% a diversos produtos brasileiros esteja prevista para esta quarta-feira, o governo brasileiro ressalta haver abertura de canais para negociar com representantes da Casa Branca. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nesta semana. A ideia é que a conversa sirva como preparação para um possível encontro entre Lula e Trump.

Lula também reforçou a abertura dos canais de diálogo com os EUA. Além do encontro de Haddad com o secretário do Tesouro norte-americano previsto para esta semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se recentemente com o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Na última sexta-feira, Donald Trump afirmou estar disposto a receber uma ligação de Lula. Em resposta, o petista disse estar aberto ao diálogo. “Não queremos confusão. Quem quiser confusão conosco, pode saber que não queremos brigar. Agora, não pensem que nós temos medo. Não temos”, discursou o presidente, em relação às possíveis negociações com os Estados Unidos.

Reeleição

Em seu discurso na conferência do PT, Lula disse ainda que não abrirá mão da ideia de “procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países”. O objetivo dessa medida, segundo ele, é não precisar “ficar subordinado ao dólar”. Já quanto ao seu futuro político, o presidente de 79 anos garantiu que só disputará a reeleição em 2026 caso esteja “100% de saúde”.

“Para ser candidato, eu tenho que ser muito honesto e sincero comigo. Eu decidir ser candidato para depois acontecer comigo o que aconteceu com o Biden, jamais. Eu não irei enganar o partido, não irei enganar o povo brasileiro”, explicou, citando o ex-presidente norte-americano Joe Biden, 82 anos, que no meio do ano passado desistiu de tentar um novo mandato.

O petista, no entanto, garantiu estar em boa forma física. “Quando eu falo que eu tenho 80, mas energia de 30, vocês podem acreditar. Hoje eu me sinto mais saudável do que quando tinha 60 ou 65 anos. Eu me cuido mais, tenho uma mulher que me cuida muito”, afirmou, em referência à primeira-dama, Janja da Silva.

No discurso, o presidente também defendeu a retomada dos símbolos nacionais pelo campo progressista. “Vamos resgatar a bandeira nacional para o povo brasileiro. Não é possível que fascistas, nazistas, fiquem desfilando com as cores nacionais, contando mentira e traindo a pátria.”

Sem citar o nome do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Lula rechaçou a atitude do parlamentar em “renunciar ao mandato para ir lá ficar lambendo as botas do Trump e pedindo para ele taxar o Brasil mais alto, mais alto, mais alto, o máximo que puder”.

“Você veja que tem um cara que fazia campanha abraçado na bandeira nacional e agora está indo nos Estados Unidos abraçar a bandeira americana para pedir para o Trump fazer taxação dos produtos brasileiros para dar anistia para o pai dele”, afirmou o presente brasileiro.

Em publicações nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro endossou o aumento das tarifas anunciadas por Trump. A justificativa usada pelos Estados Unidos para sobretaxar o Brasil deveu-se a divergências no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Sucessão

O evento de ontem reuniu figuras históricas do PT, como José Dirceu e José Genoino, e oficializou a posse do novo presidente do partido, Edinho Silva. Em seu primeiro discurso no cargo, o ex-prefeito de Araraquara (SP) defendeu que a legenda se prepare para manter seu projeto político mesmo após a saída de Lula das disputas eleitorais.

“Essa eleição (de 2026) é de fato a mais importante da nossa vida. Temos a responsabilidade de construir o partido para quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando o projeto. O seu substituto não será um nome, mas o PT”, declarou.

Edinho também criticou Donald Trump pela decisão de aumentar tarifas sobre produtos brasileiros. “Estamos enfrentando o maior líder do fascismo, que é Donald Trump. Ele nega a urgência climática, e nós temos que dizer não a isso”, disse, estendendo as críticas a Bolsonaro.

Ameaça à soberania

Ao discursar, a ministra das Relações Institucionais e ex-presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, acusou o ex-presidente e sua família de articularem contra o Brasil para favorecer interesses estrangeiros. “É inacreditável o que está acontecendo no Brasil. Nunca achei que viveríamos algo assim. Eles tentaram dar o golpe e agora querem um golpe continuado”, afirmou, reforçando o coro “Sem anistia” entoado por militantes presentes.

Gleisi também voltou a defender a taxação de bancos e casas de apostas. “Não é possível que os muito ricos não paguem impostos e a carga recaia sobre os mais pobres. Temos que taxar bancos e bets”, disse, citando o projeto do governo que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.

O evento contou, com a presença de 11 ministros de Estado, entre eles, Camilo Santana (Educação), Anielle Franco (Igualdade Racial), Luiz Marinho (Trabalho) e Jorge Messias (AGU). E encerrou o processo interno de eleições do PT, reforçando as pautas econômicas e políticas que a legenda pretende priorizar no segundo semestre.

Por Revista Plano B

Fonte Correio Braziliense      

Foto: Ed Alves/CB/DA.Press

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