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quinta-feira, abril 17, 2025

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A denúncia de corrupção que derrubou ministro das Comunicações de Lula

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu mais uma baixa...

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu mais uma baixa nesta terça-feira (8/4) com a demissão do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA).

Deputado federal eleito pelo Maranhão, Juscelino Filho pediu demissão ao presidente no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o parlamentar.

A demissão ocorre enquanto é esperado que o presidente Lula bata o martelo em uma reforma ministerial.

A denúncia vem na esteira de uma investigação da Polícia Federal, que concluiu haver indícios de que Juscelino Filho teria integrado um esquema de desvio de recursos de emendas parlamentares que ele próprio destinou, quando era deputado federal, para Vitorino Freire, uma cidade no interior do Maranhão que tinha como prefeita sua irmã, Luanna Rezende (União Brasil).

A polícia indiciou o agora ex-ministro pelos crimes de corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa.

Em uma carta, o ministro disse que tomou uma das decisões “mais difíceis de sua vida”.

“Não o fiz [o pedido de demissão] por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”, disse o agora ex-ministro.

“Preciso me dedicar à minha defesa, com serenidade e firmeza, porque sei que a verdade há de prevalecer. As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro”, completou.

Agora no STF, o processo contra Juscelino está sob relatoria do também maranhense ministro Flavio Dino. O STF irá decidir se aceita a denúncia, o que tornaria Juscelino Filho réu.

Antes da crise no ministério das Comunicações, outras baixas ocorreram no governo Lula.

Em setembro de 2024, o então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi exonerado do cargo por Lula após virem a público denúncias de assédio sexual.

Em abril de 2023, o general Gonçalves Dias, então ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, pediu demissão após a divulgação de imagens do dia 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram prédios públicos em Brasília. Os vídeos mostravam Dias circulando no terceiro andar do Palácio do Planalto no dia dos ataques.

Em junho de 2023, Lula demitiu a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, na época no União Brasil. Carneiro, que vinha sendo alvo de acusações de envolvimento com um miliciano no Rio de Janeiro, trocou de partido (Republicanos), e Lula decidiu não mantê-la no cargo.

Em setembro do mesmo ano, Lula promoveu uma minirreforma ministerial, tirando os cargos de Ana Moser, ministra dos Esportes, e de Márcio França, ministro dos Portos e Aeroportos.

Mais recentemente, em 2025, Lula decidiu demitir o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, e, em seguida, pediu o cargo de Nísia Trindade, ministra da Saúde, para iniciar uma reorganização ministerial.

A complexa relação de Lula com União Brasil

Juscelino Filho foi indicado ao governo Lula com o aval de um dos principais líderes da legenda, o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP).

Além de Juscelino e Daniela Carneiro, do Turismo, o União Brasil emplacou o ministro da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

O União Brasil é o partido que nasceu da fusão entre os antigos PSL e DEM. Em 2022, a sigla se transformou em uma das principais potências do Congresso Nacional.

Na Câmara, tem a terceira maior bancada, atrás apenas do PL e do PT. No Senado, está ao lado do PT com a quarta maior bancada, atrás apenas de PSD, PL e MDB.

O partido compõe o que ficou chamado de Centrão, grupo de legendas geralmente alinhadas ao centro e à centro-direita e que, em geral, oferecem apoio aos presidentes eleitos em troca de participação no governo.

O problema para o governo, no entanto, é que o União Brasil é um partido heterogêneo – muitos dos parlamentares da legenda não apoiaram a candidatura de Lula em 2022 e a adesão ao governo do petista não foi unanimidade.

Por BBC Geral

Foto: BBC Geral / Reprodução Correio Braziliense

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